sábado, 14 de abril de 2018

                             PRINCÍPIOS





Princípios. É bom tê-los. É preciso tê-los. A pátria assim o espera. A família assim o exige. Para que você honre com seus compromissos. Cumpra com suas responsabilidades. Quem são muitas, você sabe. Que pague os impostos. Que pague as contas. Precisa manter isso, viu ? - como diria o Temer.

Princípios, que bacana. São a alavanca do mundo. São a base de tudo. Da ética, da moralidade, dos bons costumes. São os que nos tornam civilizados. Sem eles, seria a barbárie. O mundo seriam um caos. Já pensou como seria se cada um só pensasse em si ? Só no próprio umbigo ?
Princípios. Diz-se deles que nos definem. Que nos dignificam e nos diferenciam uns dos outros. Tê-los, enobrece. Aplacam a consciência. Permitem que se durma em paz, com a reconfortante sensação de dever cumprido.

Ah, os princípios... O que ninguém leva em conta e valoriza é o quão pesam. O quão oprimem, sufocam, tolhem, limitam. Posto que equivalem a uma camisa de força, mordaça, aguilhão, quando não um chicote empunhado por aqueles que se beneficiam, que usufruem, usam e abusam de seu trabalho e senso de responsabilidade.

E aí de ti se para variar, pensar um pouco em si, em se proporcionar um regalo, ou até mesmo alguma extravagância, como é teu direito. Não faltará quem te chame de avaro, parvo, mesquinho, perdulário, irresponsável. Passível, em casos mais extremos, até de ser interditado, despojado do que angariou na vida com esforço e suor. 
A vida é cruel, irmão ! E a pancada mais forte costuma vir de onde menos se espera.  Dos mais próximos. Dos que deveriam ser gratos, reconhecidos, parceiros, solidários, como manda o figurino. 

Só que não. Raramente é assim. Porque o ser humano é assim. Pródigos em exigências e cobranças, mas relapsos, omissos na devida contrapartida. Infelizmente, quase uma regra geral que às vezes tarda mas não falha.

Fiel a meus princípios, que bem ou mal me nortearam até aqui, sempre me pautei por fazer o bem, o certo, o justo. Se nem sempre acertei, não foi por má fé ou má vontade. Assumo - e nem poderia ser diferente - que cometi erros, equívocos pelos quais pagarei pela vida inteira. Já me conformei com isso. Estou ciente de que sou o único responsável por tudo que me aconteceu, e o que continua acontecendo, enquanto a fila estiver andando. 

Que o destino eventualmente tenha interferido, é possível. É muito provável. Mas nada que me leve a justificar ou culpar a vida pelas atribulações e desditas que pavimentaram minha estrada. E cujo epílogo, que ora se desenha, não permitirei que seja triste, melancólico. Quero a sensação boa do dever cumprido, a leveza de saber ter feito o possível para levar uma vida digna. Consciente de ter me doado, abdicado de muitas coisas em prol dos entes queridos.

Em visto do quê, ter o direito de viver sem o ferrolho do julgamento e da aprovação alheia; sem a preocupação excessiva em agradar, de transigir, fazer concessões, com os que não retribuem na mesma moeda. 

Chega ! Quero viver leve, tranquilo, sem preocupações exageradas, divinamente egoísta. Zen. Livre dos fardos que malogradamente, optei por carregar a vida inteira. Sem receber nada em troca, a não ser fingida afeição e lacônico assentimento. 



Sem falar nas bolas nas costas...


sexta-feira, 13 de abril de 2018

  1.                                  
                                  
                     nascituro



Não te percas por ermas estradas
Não compliques o que já é complicado
Para tudo há pré-requisitos e condições
Para toda labuta há compensações 
Para toda faina, descanso
Para toda dor e sofrimento, colo e amparo
Teu esforço não terá sido em vão
Mesmo que seja para fazer jus 
Àquilo que ainda não nasceu.


   


terça-feira, 10 de abril de 2018



Uma relação não sobrevive a uma terceira pessoa. A qual mais cedo ou mais tarde acaba sendo o fiel da balança.

segunda-feira, 2 de abril de 2018

                     VIVER É PERIGOSO





De repente, sem aviso prévio, o câncer (dos inúmeros conhecidos), a cardiopatia isquêmica (das várias possíveis), o AVC, o diabetes, a insuficiência renal, a tuberculose, a cirrose, a esclerose múltipla, a aterosclerose, a artrose, o mal de Chagas, a pneumonia, a poliomelite, a leptospirose, a cisticercose, a meningite, a surdez, a paraplegia, a talidomida, a malária, a febre amarela, a AIDS, a sífiles, a depressão, a esclerose lateral amiotrófica, o linfoma, a úlcera, o autismo, a cólera, o tétano,o tifo, a tetraparesia, a tetraplegia, a disfunção erétil, a osteoartrose, o glaucoma, a febre reumática, o aneurisma, a anorexia, a bulimia, a epilepsia, a espondilite anquilosante, a fadiga crônica, a hepatite,o HTPV, a obesidade mórbida, a telangiectasia, o tromboembolismo venoso, a púrpura, a fibromialgia, a osteoporose, a lombalgia, a cervicalgia, a hérnia de disco, a hérnia de hiato, a diverticulite, a esquizofrenia, o Alzheimer, o mal de Parkinson, a pneumonia, a neoplasia maligna, a hanseníase, a cegueira, a hepatopatia, a osteíte deformante (doença de Paget), a distrofia neuroaxanal, a neuralgia do trigêmio, a febre hemorrágica de Marburg, o cancrun oris, a capsulite adesiva, a diarreia de Brainerd (pode durar mais de um ano), a anemia falciforme, a adipose dolorosa, a maldição de Ondine, a trissomia Parcial 15, a febre tifóide, a ataxia de Friedreich, a acidúria arginino succínica, a doença argyria, a progeria, o quimerismo, a alotriofagia, a doença de Creutzfeldt-Jacob, o lúpus eritematoso, a deficiência do fator XII, a degereração hepatolenticular, a dermatite herpetiforme, o herpes, a disautonomia familiar, a displasia fibrosa poliostótica, a micro-encefalia, a distrofia muscular, a distrofia facioescapuloumeral; e de quebra, cerca de duzentas síndromes abrangendo os mais variados estados físicos e mentais. Isso sem falar das enfermidades de pequena monta, como gripes, dores de dente, ouvido,estômago, enxaquecas, verminose, labirintite, etc,etc. Isso tudo, digamos, só de causas naturais, que ainda há o risco constante de acidentes, assaltos, atentados, enchentes, furacões, e por aí afora. 
E o que dizer das doenças da alma ?
"O homem é um animal doente", decretou Rousseau.
"A vida é muito perigosa", sentenciou Guimarães Rosa.
Na loteria da vida, só quem ganha é a indústria farmacêutica, digo eu.




        

                          A SENHA


O mundo vai acabar amanhã
O mundo vai acabar na semana que vem
Ou no ano que vem
Quem sabe um dia os profetas do fim do mundo acertem
Ou não
Vai ver o mundo já acabou 
E ninguém prestou atenção
Pois de certa forma
O mundo acaba todo o dia
Acaba um pouco ou de cambulhada
Acaba no varejo ou no atacado
Acaba para quem morre
Para quem sofre perdas irreparáveis
Para quem perde tudo, adoece 
E morre um pouco a cada dia.
Pensando bem
O mundo acabou antes mesmo de existir
O mundo perfeito que precedeu o pecado original
Crescei e multiplicai-vos 
Foi a senha que ferrou tudo



   


quinta-feira, 22 de março de 2018



                          HAJA CORAÇÃO !   




Amar, malamar, desamar.
Quem já não passou por isso ?
Quem já não se empolgou, se jogou de cabeça,
caiu de quatro,
para depois quebrar a cara,
sem direito a arrependimento ?
Quem já não fez planos, sentiu-se nas nuvens,
fez e ouviu juras de amor eterno,
para depois de passado o torpor do encantamento,
a chama da paixão,
ver tudo se consumir no fogo lento das desavenças.
Pelo inevitável tédio das relações.

E no entanto, repetimos a dose de bom grado.
Na vã esperança de que as coisas possam
ser diferentes.
Do alto de um aprendizado invariavelmente insuficiente
para conciliar o inconciliável,
remediar o irremediável.

Amar, malamar, desamar.
É o enredo de sempre.
Do frisson ao déjà vu, nada resiste ao tempo.
Por mais que se faça,
por menos que se queira,
os sentimentos se deterioram a medida 
que o conhecimento mútuo de aprofunda.
E em se aprofundando, escancarando as diferenças.

Amantes, filhos, amigos, não há elo 
que não se corrói,
não se esfacele inexoravelmente conforme 
as relações envelhecem, conforme envelhecemos.
Pois assim é a vida. 
Assim são as coisas.
Tudo se renova, se transforma,
e por fim, definha.
Haja coração !

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