segunda-feira, 22 de outubro de 2018


                 
                 smart ex-machina phone





este pequeno objeto retangular
achatado, espelhado, multicolorido
que nove entre dez pessoas trazem à mão
no bolso, em bolsas, mas sempre à mão
do qual ninguém consegue abrir mão
que põe o mundo à palma da mão
de repente, tomou conta de nós
de repente, nos colocou de joelhos
como objeto numer one de desejo
como a divindade do momento
o Olimpo já não é mais aquele...

os deuses do momento atendem 
por vários nomes
Samsung, Motorola, Apple...
filhos diletos do deus ex machina phone, o Zeus 
que reina sob nossas vidas
que se apossou de nosso tempo
de nossa atenção.

nunca se teve tantos amigos...virtuais
nunca se teve tanta facilidade para tudo
...de certo e de errado
as pessoas mal se olham
as pessoas mal conversam
os casais se distanciam
o diabo está deitando e rolando
pornografia, pedofilia, adultério
nunca estiveram tão em voga.
nunca foi tão fácil pular a cerca, prevaricar.

ah, o deus Smartphone,
que nossas vidas arrebatou.
que de nossas vidas tudo sabe,
em cuja telinha nossas vidas 
incautamente escancaramos.
sob os olhares atentos e gulosos 
dos Grandes Irmãos, Google, Facebook,
Instagram. 







                         
                          that´s my way



Sim, eu me dilacero à toa.
Me emociono à toa, como o doce 
vagabundo Carlitos,
com coisas que outros podem achar 
irrelevantes e até piegas.
Não faz mal, quero ser sempre eu,
independente do que pensem de mim.
Quero ser sempre assim, sentimental, piegas...
Sentir saudades das coisas que tive,
das coisas boas que vivi,
que foram muitas, e que faço questão de guardar 
no coração generoso.

Yes, eu choro à toa.
De saudades me remoo, não só com lembranças
que transbordam em momentos improváveis,
alguma música que marcou
ou um simples guardado,
por acaso achado,
que o tempo amarelou 
mas não apagou da memória.
Choro a dor dos desamparados,
dos injustiçados.
Choro por mim, pelo que perdi.
Lágrimas de gratidão pelo que tenho.

Choro, sim, mas não por fraqueza, pois eu envergo 
mas não quebro.
Sou duro na queda, não sei ser saco de pancada.
Quem me conhece sabe que não levo 
desaforo para casa.
Gostem ou não, não vou mudar.
Ainda que na solidão cave meu caminho.

Como diz o clássico do grande Sinatra,
that´s my way...



domingo, 21 de outubro de 2018


            ARARIBÓIA

Rezam os compêndios que para homenagear o velho herói Araribóia, guerreiro nativo que marcou época nos primitivos tempos da colonização, o governador D. Antonio Salema chamou-o à corte do Rio de Janeiro para suntuoso jantar.
Consta que em dado momento, cansado da posição cerimoniosa
recomendada à ocasião, encarapita-se na cadeira o velho índio,
para estranheza do governador.
Homem rigoroso em questões de etiqueta, ordena através de um serviçal para que ele se recomponha, em respeito ao representante do Rei. 
"Se tu souberas quão cansadas eu tenho as pernas das guerras em que servi a seu rei, não ligaria para esse pequeno descanso.
Mas já que se sentis ofendido, retiro-me para minha humilde aldeia, onde não reparamos para tais formalidades.  E fique descansado que não virei mais à sua corte afrontá-lo", mais ou menos assim teria reagido o velho guerreiro, retirando-se em meio a cerimônia.

É o que a História registra de um brasileiro nato e honrado,
chefe da tribo Temininós, que nos idos de 1575, foi o responsável direto pela expulsão dos franceses da baía da Guanabara, séculos mais tarde saqueada por Sérgio Cabral e companhia.  
Mal sabia da bobagem que estava fazendo...




     
                 os incomodados, fodam-se



Quase nada é do jeito que a gente quer.
Do jeito que a gente pensa.
Do jeito que a gente sonha.
Tudo gira em torno das aparências.
A falsidade é um imperativo.
A hipocrisia, obrigatória.
A mentira, a palavra de ordem.

Não tardamos a descobrir que ser correto
é um tiro no pé.
Que ser justo não vale nada.
Que consciência tranquila não enche a barriga.
No entanto, por formação ou obrigação,
é preciso ser correto, ser justo, fazer a coisa certa.
É uma questão de decência.
O que poucos têm.

Mais fácil é fingir, dissimular.
Se esgueirar pelas sombras.
Falar pelas costas.
Fazer por baixo dos panos.
Eis o padrão dominante.
Engana-se, mente-se, falseia-se com tanta
naturalidade, que tudo 
passa a ser natural.
Viver na mentira.
Enganar a si próprio.
Simplesmente, suprime-se a consciência
E ponto final. 
Os prejudicados, às favas
Os incomodados, fodam-se...



sábado, 20 de outubro de 2018



                              A LEI DA VIDA





Aqui se faz, aqui se paga
É a lei da vida
Nada acontece por acaso
Você que engana, fere, finge ser 
o que não é
Não perde por esperar
Um dia da caça, outro do caçador
Ninguém é melhor do que ninguém
Até ser posto à prova
Até a sorte virar
Até as coisas degringolarem
Isto quando tudo já não foi sempre uma merda

Portanto, não aponte o dedo para ninguém
Não julgue, não condene
Não atire a primeira pedra
Pois amanhã ou depois pode sobrar para você
Não seja a palmatória do mundo
Tendo culpa no cartório
A burrice não releva o passo em falso
A teimosia não justifica a injustiça.
Quem com ferro fere...



sexta-feira, 19 de outubro de 2018

                 as putas




basicamente, as coisas hoje estão assim :
há as putas, putas
há as putas enrustidas 
há as putas de fachada, de grife
há as que desdenham das putas 
mas agem como tal
há as que gostariam de ser mas não tem coragem
no fim das contas, 
tudo é uma questão de preço.






domingo, 14 de outubro de 2018




irmã gêmea da justiça 
a verdade também tarda mas não falha
um dia a casa desaba
a máscara cai
e os verdadeiros farsantes mostram a cara...




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