segunda-feira, 5 de novembro de 2018
sábado, 3 de novembro de 2018
ANACRONISMO AMBULANTE
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Moça dos olhos claros (castanho-esverdeados ?),
Sorriso largo,
Uma potranca, esbanjando alto-astral.
Já chegou, chegando.
Sedutora, envolvente,
Dizendo para eu tomar jeito
Senão me dava uns tapas na cara...
Como não se impressionar,
Ainda mais coincidindo de ter
O mesmo nome da minha irmãzinha
Que Deus levou.
Moça dos olhos claros, sorriso largo,
Que entrou na minha vida como um furacão.
Com quem eu, desavisado,
Ainda ferido, machucado,
Não soube lidar.
Bem que eu quis.
Bem que me esforcei.
Mas, como sempre, me dei mal.
Não tive jogo de cintura, malandragem,
Para entrar no jogo do faz de conta dela.
Que afinal de contas,
É o jogo que se joga hoje em dia.
Um jogo de aparências.
De falsos valores.
Que eu nunca soube jogar.
Nunca fui capaz de aceitar.
Daí a frustação de mais uma vez sentir
Que não vou à lugar algum sendo como sou.
Cheio de razões e valores em franco desuso.
Um cara muito legal, muito bacana,
Mas que na prática, só se ferra.
Pois em nada me ajudam.
Sempre bancando o otário.
Sempre à ver navios.
Moça dos olhos claros, do sorriso contagiante,
Sinto tua falta.
Que tal passar uma régua em tudo ?
Tudo bem, finja, minta, me enrole.
Não faz mal.
Vou dar um jeito de lidar com isso.
Aprendi muito com você,
Mas não o bastante.
Preciso aprender a dissimular,
A enrolar, a manipular as pessoas.
A ser gente.
A gente predominante.
Aderir ao padrão dominante.
Deixar de ser babaca.
Cansei de ser um anacronismo ambulante.
Quem melhor que tu para me ensinar ?
BOLA CHEIA
Nos últimos meses me chamaram, pela ordem,
de farsante
bipolar
ignorante
perturbado...
O que, somado à antigos epítetos com que me distinguiram ao longo da vida, dá para formar um time de futebol, a saber :
Pavio curto
Intransigente Recalcado Arrogante Revoltado
Corno Egoísta Farsante
Bipolar Ignorante Perturbado
Estou com a bola cheia, como se vê...
sexta-feira, 2 de novembro de 2018
tudo tem seu preço
Reconstruir, refazer, reconquistar
Nunca é a mesma coisa
Sempre há perdas e danos à considerar
Quase sempre irreparáveis
Sequelas que por mais que se queira
Permanecem, mutilam
Eventualmente nos fortalecem
Mas há que preço, só Deus sabe...
Um grande amor nunca mais será o mesmo
Após deixar de ser grande
Após entrar em colapso, cair em desgraça
Haverá sempre lacunas
Feridas, pontes queimadas
Reconstruir, refazer, reconquistar
É preciso se despojar de tudo, se reinventar
Mais fácil, nascer de novo...
No entanto, é preciso tentar
Faz parte da natureza
Renascer das cinzas
Posto que estamos sempre recomeçando
Sempre errando e acertando
Cumpre aprender, da maldição de Sísifo fugir
Não desista, trabalhe, prospere
Se o grande amor acabou
Compre outro
Tudo tem seu preço...
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