terça-feira, 29 de janeiro de 2019




                 o manual da hipocrisia
       (ou, coisas que os livros de auto-ajuda não ensinam)







1. Quando alguém finge que gosta de você, finja que acredita. Falsidade com falsidade se paga.

2. O mesmo vale quando falam que te amam. Mas cuida para não se auto-enganar, aquela história de o sapo virar príncipe, só com muita grana no banco.

3. Não conte seus problemas e pecados a ninguém, para não ficar vulnerável. Muito menos a sua mulher. Porque tudo e muito mais será usado contra você numa eventual separação. Até ruim de cama corre o risco de ser chamado.

4. Acredite, desconfiando. Só empreste quando se estiver ciente de que provavelmente ficará na mão. Melhor dar. No meu caso, nem o meu Neruda devolveram...

5. Não queira entender a cabeça das pessoas. Muito menos da mulher. Elas são capazes literalmente de tudo para conseguir o que querem. Inclusive se prostituir. Não que isso seja desonroso, no vale-tudo da sobrevivência. São mais honestas do que muitas donas de casa que fazem as coisas pelas costas do marido.

6. Ninguém é feliz sendo 100% honesto, correto, sincero. Atributos que viram sinônimo de otário. A regra de ouro hoje em dia é ser pragmático. Dançar conforme a música. Andar no limite entre a decência e a imoralidade. 

7. Nada é mais hipócrita do que julgar os outros. Porque cada um sabe onde o calo lhe aperta. E ninguém dá nada a ninguém de graça. 

8. Viver bem é uma arte que requer um pouco de tudo. Ser essencialmente bom, mas obrigatoriamente eclético. Capaz de gestos do maior altruísmo e dedicação, 
mas se dando o direito de usufruir do que a vida tem de melhor. Questão de merecimento. Quem labuta, cumpre com suas obrigações, garante o sustento dos seus chegados, tem direito a contrapartida. Do jeito que for.

9.  Não se deixe influenciar ou subjugar por imposições que venham a tolhê-lo ou limitá-lo. A vida é um processo evolutivo
constante e implacável, há que se moldar e acompanhar o status quo vigente. Não seja a palmatória do mundo, assim como não permita que caguem na sua cabeça. Finja ser amigo de todo mundo e veja o que acontece. 

10. Esqueça do amor. Finja que ama que é melhor. Dói menos no caso da inevitável bola nas costas. E não diga que nunca tomou alguma. 
Não sabe de nada, inocente. 

  



sexta-feira, 25 de janeiro de 2019


                        

                     prazer e calvário


Ah, essas moças,
que tudo querem da vida,
sem medir consequências,
e quebram a cara.
Se entregam à fruição,
arrumam filho cedo, desarrumam a vida.
Ah, essas moças lindas e precocemente envelhecidas,
que querem tudo da vida e nada conseguem,
que investem no corpo ao invés da mente.
Bonitas por fora, corroídas, ocas por dentro.

Não, não é fácil ser mulher. 
Flutuando entre o ser e o não ser,
no breve trânsito em que a vida se consome,
tendo como única certeza a eterna aflição materna.
Vivendo por viver numa esfera de tempo que excede 
a própria privação dos sonhos.
Na evasão de tudo que faz sentido
- Lar, família, amor. -, 
o jugo da renúncia, do sexo sem desejo.

Sim, o jugo do sexo sem desejo, 
como só a mulher é capaz. 
Por obrigação, no matrimônio desgastado; 
por necessidade, para obter o que deseja. 
Sim, o jugo do sexo sem amor, moeda de troca,
que toda mulher não tarda a aprender,
ante o sexo com amor e sua plenitude que pouco dura.
Poder e submissão, prazer e calvário, eis o recorrente dilema.

Ah, essas moças que tudo querem e se perdem
entre o querer e o poder.
Quando a beleza acaba.
Quando o mundo desaba.
E tudo murcha.
"Flores que florescem, florescem
E desfolham..."





























quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

                            

                     devagar, devagar





Não obstante os escombros e fracassos
em tudo que fiz e por onde passei,
alento nunca me faltou.

Calaram-se os meus sonhos mais diletos,
sob o peso de sentimentos ressequidos,
mas da alma o amor nunca se apartou.

Remoo à noite a surdez dos dia.
Devagar, devagar, me afasto do que fui,
para ser o que não sei.









As 3 coisas mais importantes da minha vida :

1. O amor dos meus filhos.
As outras, não lembro.






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