domingo, 17 de março de 2019


            
                      
                  TCHAU, QUERIDA


          

EU TENTO
          ELA FINGE
EU FAÇO
          ELA ENGANA
EU ABRO O JOGO
          ELA ESCONDE
EU ACREDITO
          ELA MENTE
EU PEÇO
         ELA NEGACEIA
EU QUERO
         ELA ENROLA
EU INSISTO
         ELA TAPEIA
EU FALO
         ELA INVENTA
EU OTÁRIO
         ELA TRAPACEIRA
EU DESISTO     
               ELA ME ENFEITIÇA
EU VOLTO
        ELA NÃO MUDA
TCHAU, QUERIDA,
        DESSA VEZ, CHEGA !


sábado, 16 de março de 2019




                    A SINOPSE DO ABSURDO





A impressão                         A compressão
A imprecisão                        A pressão
A catalepsia                         A sinestesia
O destampatório                  O crematório          
O espavento                         O catavento
A tormenta                           O firmamento
A alegoria                             A teogonia
A vaca fria                            A supremacia
O escaninho                          O descaminho
O saci-pererê                        A matita-terê
A rapadura                            A sinecura
A cicuta                                 O filho da puta
A limonada                            A presepada
A sucata                                O vira-lata
A truta                                   A fruta
O semáforo                            O fósforo
O caramanchão                     A tesão
A sesmaria                             A Ave Maria
O pífaro                                 O pássaro

Pássaro com o ramo no bico
De onde vieste
Porque voltaste
E sinal de vida trouxeste
Porque ? 
Melhor seria à Arca não retornar
À deriva deixar
A Criação à sua origem voltar
Tudo zerar
Para Deus repensar
A merda que fez
Quando o homem criou

Lúgubre pássaro noturno
Espantalho de sonhos
Não grasna, não pia, furtivo
Apenas espia
Na noite fria
Predador e vigia
Do nada bate as asas
Do nada, tudo às avessas
Onde havia vida, pouso
Desconsolo, ferida
Ora longe, ora perto
Sem repouso, sem guarida 
No bico do pássaro soturno
A desonra, o descaminho.

Corvo, abutre, mensageiro do além
Há que ler os presságios
As más ações um dia retornam
Em noites insones
Dias tenebrosos
O negrume tudo cobre
O sol    eclipse     liturgia     sinopse     carma 
                                the end      






                  SOB FOGO CRUZADO







Os vídeo-games, febre da mocidade,
simulam tiroteios, guerras, 
matanças - quem mata mais, ganha.
De repente, vítimas de verdade.

Nos meios de comunicação, 
a televisão em particular,
fake news, baixaria. 
Verdade é mentira, mentira é verdade.

Nas onipresentes redes sociais, baixo nível e promiscuidade.
Real e imaginário se misturam.
A instituição da família, em franca decadência.
O convívio humano cada vez mais precário.
Preconceito, discriminação, xenofobia recrudescem.
Os jovens sem rumo, excluídos, alienados, 
à mercê das drogas.

O amor, ah, o amor na era cibernética. 
Em tempos de watts ap.
O que dizer ? O que sobrou ? 
Amor romântico, fidelidade, ainda existem ? 
Ainda resistem ? Até quando ? 

Amor conspurcado, adulterado.
A humanidade, sob fogo cruzado.
Para onde caminha ?   

sexta-feira, 15 de março de 2019

                   

                              A CORJA





A corja é grande.
A corja é poderosa.
Tomou o país de assalto.
Assalto à mão armada é o de menos.
É café pequeno,
perante a sistêmica tunga aos cofres públicos.
Em todos os níveis possíveis e imaginários.
De cabo à rabo, numa conjuntura de longa
data engendrada 
para encher as burras dessa gangue que
infesta os três poderes da Nação. 

Nação fodida e mal paga.
Fodida e mal paga.
Fodida e mal paga.

A corja é grande, a corja é eclética, especializada.
Uma confraria, dir-se-ia. 
Grande demais, poderosa demais para
ser combatida, neutralizada 
com os parcos recursos e instrumentos de um Judiciário talhado para proteger e estimular a criminalidade. 
Que tem na banda podre do STF seus defensores e patronos.

Uma corja que não vai sossegar antes de acabar 
com a Lava-Jato.
Que não vai ficar satisfeita antes de livrar da cadeia 
o ex-presidente mais sujo e corrupto da cadeia. 
E com ele, a quadrilha às duras penas enquadrada e encarcerada.
Afinal, cá como lá,
a fidelidade é a marca da Camorra tupiniquim.








                      à moda Cazuza






Do que é feito esse amor
imperfeito, 
que te ofereço ?
E que retribuis no mesmo preço ?
O que temos para dar um ao outro,
que já não houvéramos dado,
e nos quebrado ao meio.
Amor aleijado, 
espinha dorsal partida. 
Ilusões perdidas.

O que será de nós, que futuro temos ?
Você diz que me ama mas não quer
compromisso.
Concordo.
Compromisso implica em cobrança, responsabilidades,
perda de liberdade.
A pergunta que não quer calar é :
pode-se amar sem cobranças, responsabilidade,
compromisso ?
Existe amor sem cobrança, responsabilidade,
compromisso ?
Ou teremos que inventá-lo, à moda Cazuza ?

quinta-feira, 14 de março de 2019



                  decifra-me, eu te imploro





O nexo inútil das coisas roreja,
metodicamente.
Fragmenta a alma vilipendiada,
esculpe a vida à revelia de tudo.
No desalinho geral das razões e motivos, 
a fé nos liames do desespero. 

Fé que nem sempre salva. Quando muito mitiga.
Dor, perdas, sofrimento, morte,
únicas certezas na vida sem nexo.
Indiferentemente aos por quês.
Razões e justificativas não contam.
Alheios ao que acontece ou deixa de acontecer. 
Desatinos, loucuras, surtos,
merdas que a gente faz, sem medir consequências.
O castigo vem à galope. 

Na incerteza de tudo,
caindo e levantando,
pisando e pisados,
A vida laça e desenlaça.
Dá e tira.
O diabo sempre à espreita.
O amor passa ao largo, como que a dizer :
decifra-me, eu te imploro.














                     de pedra em pedra






Pairam acima dos dias, profecias do fim do mundo 
que não finda.
Por que o peregrino conhece todos os caminhos
e o penitente não ?
A pedra é só uma pedra, mas de pedra em pedra
se faz castelos, pirâmides.
Tudo é tarde, tarda a maneira perfeita de amar.
De ser amado ressente-se o tenaz guerreiro.
De romper o novo a alma dista, morre à distância.
Desabando sem gritar.
A vida pobre, rica em quimeras, no caos se precipita.
O fogo da paixão crepita cumprindo ritos em que 
imaginação passeia.
Em meio aos oratórios já vazios, o mundo imaginado 
não existe, num apagar de rostos e sentimentos.
Um ser metafísico procura-se e não se acha.
Evade-se o tempo em que tudo era perfeito.
Reduzido à rotas sem setas.
Pontes queimadas, sem volta.
A semente das horas contendo a vida já não germina 
no solo árido.
O fruto apodrecido, a estrada bifurcada, nada nunca 
mais será o mesmo.
A explosão ingênua de desejo é como um barco avariado
prestes a afundar.
Não há mais nada a perder.


  






  





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