sexta-feira, 8 de novembro de 2019



                                                 
                                                         DESEJOS
                           






A tarde flui lenta e chata.
A pasmaceira da vida, à sorrelfa e
à socapa.
Expectativas invariavelmente frustradas.
Acontecer algo de bom é um parto.

Os dias passam enviando recado aos inimigos.
A espera do que nos é devido é longa.
O que desejamos arruína os favos,
e a beleza, 
a felicidade,
no fundo não passam de acidentes de percurso.

As crenças são pedras de amolar 
facas cegas.
Libertar-se das iluminuras inúteis
é o primeiro passo 
para fugir daquilo que, 
sem sabê-lo,
nos tem sequestrado.
Símbolos, cosmogonias, 
cada adereço do caleidoscópio,
fiéis à obediência surda
prestes a se romper.

A tarde flui pachorrenta.
Agora que uma parede maior que
o silêncio
entre nós se interpôs, 
resignado, despeço-me de todos os sonhos.
De um tempo de um eu plural e ausente.
De quem desejou tantas coisas
sem saber quanto custa 
delas se libertar.















sábado, 2 de novembro de 2019






                                   epitáfio






este silêncio com que me punes,
como um intervalo
entre o grito e o eco,
risca o espaço feito o voo de um pássaro,
cujo objetivo é falar, calando.

ainda não morri, mas é como se tivesse.
e o teu silêncio é meu epitáfio. 







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