segunda-feira, 20 de janeiro de 2020
domingo, 19 de janeiro de 2020
INVERSÃO
Duas senhorinhas bonitinhas,
sentadinhas no banco na praça.
Mãe e filha em breve pausa da rotina
doméstica,
mais olham do que falam,
imersas em seus pensamentos,
ou talvez não,
apenas observam
as pessoas que passam.
Pessoas que já não reparam umas nas outras,
no drama dos outros,
entretidas com o maldito celular.
A fisionomia cansada de ambas
embute um drama recorrente de nossos tempos.
A inversão de papéis que a vida às vezes
impõe : a filha cuidadora da mãe
com Alzheimer.
Cuidar dos pais idosos e enfermos,
o momento de retribuir o que recebemos deles.
Convém lembrar que um dia seremos eles.
a outra face
Entre os ensinamentos de Cristo, a parte mais difícil, sem dúvida, é amar ao próximo como a si mesmo. Dar a outra face ao ser agredido. É preciso um esforço sobre-humano para seguir tais preceitos, e não nego que sempre estive muito longe disso, embora me solidarize com o sofrimento alheio e não queira o mal de ninguém.
Mas não me recrimino por isso, não por não ser uma exceção à regra - é mais fácil encontrar uma agulha no palheiro do que alguém assim -, mas porque somos desestimulados o tempo todo até mesmo a respeitar as pessoas. A maldade, a má fé, a desonestidade, a crueldade, sempre foram a marca registrada da humanidade, e a maior prova disso foi a própria trajetória de Cristo entre nós. Foi um cara que só fez o bem, pregou e praticou o amor nas piores condições possíveis, em meio à barbárie daqueles tempos, e mesmo assim foi morto impiedosamente do jeito que foi.
É claro que ele não morreu em vão, que seu sacrifício foi o exemplo mais pungente de amor e grandeza que alguém poderia dar. Sendo filho de Deus ou não, o que chega a ser irrelevante, o fato é que sua mensagem ganhou e moldou o mundo, e mesmo sendo deturpada, indevidamente explorada, desde então trouxe um novo alento às pessoas, como fonte de inspiração e força para enfrentar a barra da vida.
Mas amar ao próximo como a si mesmo, dar a outra face... Trata-se de algo tão atípico ao gênero humano que a reação comum diante de boas ações, é a desconfiança. Quando alguém cala diante de um desaforo, passa por covarde. Não é à toa que tantos preferem o amor dos animais, que diferentemente dos humanos, são fiéis e agradecidos.
É lógico que existem pessoas boas, que praticam o bem, são gratas, dignas, talvez até em maioria, desde que não lhe pisem nos calos. Quero crer que eu seja uma delas. Nunca fiz mal à ninguém deliberadamente, sempre me pautei pelo bem, meus pecados sempre estiveram relacionados ao instinto. A impulsividade. A falta de auto-controle, desiquilíbrio emocional. Aos prazeres da carne. Tenho noção que ser assim sempre afetou drasticamente minha vida, mas nunca consegui mudar e provavelmente morrerei assim. Com uma bala na cabeça, se for o caso.
Mas há algo que me redimi, tenho certeza, e minhas ações estão aí para corroborar. Nada demais. Nada incomum. Apenas e tão somente, ter o coração no leme. Ser correto, procurar fazer o certo. O que num caso específico, tem me colocado à prova nesses dois últimos anos. Que quem me acompanha, sabe do que se trata. E dispensa maiores comentários.
Não nego, tem sido um desafio hercúleo manter o senso de justiça e a serenidade para não perder as estribeiras diante da maledicência e ofensas que tenho recebido. Da total falta de reconhecimento.
sábado, 18 de janeiro de 2020
ninguém é dono de ninguém
Não me interessa saber
com quem andas.
Contanto que eu seja um deles.
Seria ingenuidade exigir exclusividade.
A essa altura,
um chifre a mais ou a menos,
não fará diferença.
Já tive o que achava ser especial.
Alguém que me fazia sentir único.
Puro engano.
Ninguém é dono de ninguém.
Muito menos dos desejos e pensamentos alheios.
Quem achei que fosse para sempre,
era um poço de insatisfações reprimidas.
Não quero mais isso para mim.
Prefiro as putas encanecidas
A acreditar de novo naquilo que o amor
não pode entregar.
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