quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020
vate
Há dois tipos de ex-amores :
aquele que marcou
e acabou à contragosto;
e o que foi sem nunca ter sido,
que definhou,
e nem saudades deixou.
Desnecessário dizer
que do primeiro,
de ternas lembranças,
jamais se esquece;
ao passo que o outro,
é o tipo da perda
em que só se tem a ganhar.
Distingui-los no nascedouro,
eis o vate.
Livrar-se do amor onde reina a falsidade,
e valorizar aquele que resiste
à toda sorte de adversidade.
(con)sentimentos
Quantas coisas acontecem sem a gente querer,
e parecem não fazer sentido,
às vezes injustas, falta de sorte.
Quase sempre, porém, não mais
do que a somatória de nossos atos.
Pois como bem disse Ghandi,
não conseguir o que se quer,
às vezes é a maior sorte !
Sempre é tempo de viver.
O tempo irreversível nos excede.
Como usa-lo, é a questão.
Quase sempre nos sentimos pequenos
à espera de acontecimentos maiores.
A oferenda que sacia a fome
é desproporcional a gula.
Em estiolado esforço, quase tudo
o que queremos nos é negado.
Virtudes nos faltam, algo
sempre nos pesa.
Um dia descobrimos que nem era dor
aquilo que doía.
À força de ver, o que não é duradouro
deixa de ser nobre.
Quando tudo se transforma em terra arrasada,
dir-se-ia que os melhores dias
foram perdidos,
em troca das coisas mais ordinárias e humanas.
Mas também excepcionais.
Em face da liberdade roubada ao tempo,
desfrutar de todos os (con)sentimentos,
viajando através da carne.
Calar e escutar.
Cegos, autônomos, escravos.
terça-feira, 4 de fevereiro de 2020
cláusula pétrea
Sossega coração, o amor é isso que se vê.
Um vendaval, um furacão,
que depois passam, só deixando estragos.
Mas, tudo bem, se queres insistir.
Se gostas de ser enganado.
Depois não reclame.
Nem tente suicidar-se.
Afinal, ninguém te obriga
a tal desvario.
Ignorar que quem ama, à desilusão está fadado.
Talvez o amor nem te traia.
E belo, leal e forte se mostre.
Às vezes as coisas desandam do nada.
Para macular-se e perder sua
essência,
é só uma questão de tempo.
Nos contratos da natureza
humana, a cláusula pétrea exige
que um dia tudo acabe.
segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020
o canto da sereia
Não, não quero um amor para sempre.
Para sempre é muito tempo.
Cansativo.
Aliás, nem precisa ser amor.
Uma relação prazerosa, com afinidades
e uma certa química,
já está de bom tamanho.
Se há algo que o tempo ensina
é que o amor não pode ser um claustro.
Nada que sufoque ou oprima.
já está de bom tamanho.
Se há algo que o tempo ensina
é que o amor não pode ser um claustro.
Nada que sufoque ou oprima.
Ciúmes, apenas na medida certa.
Se as pessoas soubessem o engodo embutido
Se as pessoas soubessem o engodo embutido
no "juntos para sempre", tratariam de se resguardar.
Evitar as manjadas armadilhas da vida à dois.
Ao doce enleio do amor somos atraídos,
como o canto da sereia que ao incauto ilude.
Pois findo o encanto, tudo o que sobra
são os defeitos.
Evitar as manjadas armadilhas da vida à dois.
Ao doce enleio do amor somos atraídos,
como o canto da sereia que ao incauto ilude.
Pois findo o encanto, tudo o que sobra
são os defeitos.
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