quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020
terça-feira, 11 de fevereiro de 2020
santa (e burra) ingenuidade
Você que se julga tão esperta,
na verdade
nunca me enganou.
Eu sempre soube
que você não é confiável.
Que mente, trapaceia.
Também sei que
não é má pessoa (ou é, nem sei mais).
A vida difícil te fez assim, malandra.
Daí ter insistido, daí a tolerância
com que até hoje te tratei.
Mas tudo tem um limite.
Achava que com o tempo
poderias mudar,
quebrar as amarras, as próprias regras,
a medida que se apegasse a mim.
Santa (e burra) ingenuidade !
Isso não aconteceu, e nem vai acontecer.
Se não me amou até agora, sabendo quem eu sou,
diante de tudo que já fiz, never again.
Mais uma aposta errada,
outro jogo perdido.
Mas não dramatizo, não questiono,
sequer me arrependo.
Sei onde me meti.
Abandonei a razão para viver a
mais precária mentira.
Gastei a vida como quem gasta o que não têm.
A conta chegou.
Sempre chega.
Os males que a mim própria causei
cumpre agora espiar.
Falhas graves e inventadas, tanto faz,
tenho as costas largas.
Tuas trapaças tiro de letra.
domingo, 9 de fevereiro de 2020
da fuga de ser, não fujo mais
Queria ter sido melhor do que fui.
Queria ter feito muito mais do que fiz.
Queria ter trabalhado mais,
me empenhado mais, estudado mais.
Queria não ter feito tantas trapalhadas.
Não ter cometido tantos erros banais.
Não ter sido tão impulsivo em momentos
cruciais.
Tantas vezes irresponsável.
Queria ter sido mais homem e menos
tolo.
Ter resistido às fraquezas que minha vida
entortaram.
Ter amado mais e melhor.
Valorizado o que tive, o que me deram.
Ter sido um filho melhor,
ter sido um pai melhor do que o filho relapso que fui.
Tantas coisas que precisava ter feito,
nem sei se fiz algo direito.
Essa tal consciência tranquila,
que hoje me consola (?),
não passa de mais um engano.
Um dos tantos auto-enganos que passei a vida
cometendo.
Acreditando ( sinceramente ) ser melhor
do que eu era.
No entanto, dentro das minhas limitações,
fiz o meu melhor. Dei o que tinha.
Se nunca foi o bastante, é porque a vida
é feita de depurações.
Em cada tempo, cada período, situações
sujeitas à fuga intemporal.
A evasão de si mesmo.
A mão pesada do destino destrói os sonhos,
é implacável com os passos impensados.
Como saber o que fazer ?
Qual o caminho a seguir ? Onde achar as respostas ?
O eterno enigma do mundo,
e de todas as coisas,
nos faz ser como somos.
Hoje eu vejo o que antes não via.
Tarde. Tudo, ou quase tudo se foi. Está morto.
Apenas essa tardia tomada de consciência
abraça as coisas, mas sem possui-las.
Mas não me censuro.
Nesse viver solitário, apenas conjecturo.
Me vejo, enfim, tal qual sou.
Da fuga de ser, não fujo mais.
O que perdi, o que não consegui ser,
se multiplica em uma pobreza
feita de lâminas cortantes e pérolas.
sábado, 8 de fevereiro de 2020
08 de fevereiro.
Data marcante.
Há dois anos, minha mãe faleceu. Nesse mesmo dia, no ano seguinte, minha irmã Ingrid voltou a ser internada, com o recrudescimento da leucemia que acabou matando-a meses depois.
Foi também na manhã desse dia que comentei com minha ex-mulher, que talvez precisasse trazer uma das filhas especiais da minha irmã para morar com a gente. Ela nem esperou minha irmã falecer para pedir a separação.
Mas, claro, este foi apenas a ponta do iceberg...
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