segunda-feira, 18 de maio de 2020











Aprendendo a viver
sem as pessoas
que vivem sem mim.















Antes de ligar, de procurar, de mandar mensagem,
dizer que está com saudade,
pensa no depois.
Depois disso...o que vem ?
A solidão novamente. A companhia
temporária ? A mesma dor, o mesmo choro,
o mesmo "quem sabe um dia ?"
Tem coisas que não vale a pena
cutucar, se não, nunca cicatriza.
Tem remédio que ameniza a dor
momentaneamente
mas abre um buraco maior dentro da gente.


(a menina e o violão )





sábado, 16 de maio de 2020



                                                  E tenho dito !







Prefiro o ódio à indiferença.
O desaforo à ironia.
O soco à traição.
A verdade doída a mentira piedosa.
Prefiro o papo reto ao blá-blá-blá.
Encarar o touro à unha à levar desaforo para casa.
Andar sozinho do que mal acompanhado.
Prefiro desagradar pelo que sou,
a ser admirado pelo que não sou.
Não ter um puto no bolso à pedir emprestado.
Prefiro bater de frente à ficar em cima do muro.
Prefiro ser o que sou
a ser o que querem que eu seja.

Por aí se vê como sou indigesto.
Politicamente incorreto.
Que não agrada nem a gregos nem a troianos.
Para o quê estou pouco me lixando,
pois não devo satisfações a ninguém.
A não ser minha consciência.
E tenho dito ! 







                                     das cinzas outra forma toma






Não obstante as rebordosas,
os percalços,
os mil disfarces que assume,
a vida é boa,
a vida pode ser boa.
Conquanto o destino permita,
não botemos tudo à perder.

Ainda que sujos, doentes, volúveis,
somos predestinados à amar.
Mesmo os desafortunados
tem dentro de si a centelha do amor.
Que pode reverberar a qualquer instante,
ou deambular para sempre 
nos confins da alma. 

Erma e vazia é a vida
dos que não sabem amar.
Não conseguem amar.
Nem a vida, nem ao próximo.
Entregar-se de corpo e alma a uma paixão.
Sentir o coração pulsar freneticamente
diante da beleza inebriante da entrega.
Ou do sofrimento alheio, o que 
é ainda mais belo.

A vida que concebemos é a vida que 
merecemos.
Se ao longo do caminho nos perdemos,
e  amar desaprendemos,
ou o amor negligenciamos,
nada nos salva da futilidade trágica da vida.
O imaculado e imperfeito amor,
que no ressecamento dos sentidos,
incapaz de resistir ao tempo,
como tudo que é humano,
adoece, 
perece.
Das cinzas outra forma toma.  







sexta-feira, 15 de maio de 2020


                         


                     SINFONIAS DE EUS






Há várias versões de mim 
me precedendo.
A farsesca, a melodramática, a performática,
a beligerante...
A verdadeira não sei onde foi parar.
Nem sei direito como é.
Talvez um pouco de cada.
Pois sou isso tudo, e um pouco mais.
Não propriamente falso, dissimulado, 
como muita gente que conheço,
e das quais tenho horror.
Mas versátil, eclético. 
Eu e meus heterônimos.
Alguém tão complexo que não sabe
ser só uma pessoa.
Que faz drama, sonha, ama, briga.
Alguém que se desconhece, 
que ninguém à fundo conhece. 
Que ora se revela, ora se recolhe,
tão habitual e rico de pungência
que só existe prelibando,
agônico, alciônico,
na própria imaginação.

Eu,
sinfonias de eus,
aquarelas de ser,
esquírolas de consciência
à tatear o caleidoscópio da existência.
























quarta-feira, 13 de maio de 2020





                                           beleza terminal



                  


Viver acorrentado ao passado.
De cacos, buracos, hiatos e vácuos subsistir.
Quando o encantamento se perde e as palavras
Já não valem.
Na vida desprovida de alegria e heroísmo,
A beleza terminal te espreita.
Para resgatar a mísera existência de um fim
Mais triste que a nona sinfonia de Beethoven.










 











                                  

                         tempo de despedidas

 










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