quinta-feira, 21 de maio de 2020


                             os dois lados




Conheci o teu melhor e o teu pior. 
Sem saber quem realmente tu és.
Qual o lado verdadeiro.
Aquele que por tanto tempo me fascinou,
ou a trapaceira que no fim se 
revelou.
Provavelmente, os dois sempre estiveram lá.
Em seu devido tempo, se mostraram.
O melhor, enquanto te interessou;
o pior, quando tudo desandou.
Eu é que nunca soube ver. 
Tolo, cego,
acreditei até o final no amor 
que me fazia te ver melhor do que és.
Te perder não foi o pior que me aconteceu.
É ver o quanto me enganei e
sofri em vão.
Por algo
que só eu sentia. 








  

   
 
   

quarta-feira, 20 de maio de 2020



                     a mulher que se faz amar







Uma mulher
que é apenas linda,
é uma espécie de troféu
que a gente coloca na estante,
para exibir,
e depois esquece lá.
Já a mulher que se faz amar,
nunca deixa de estar presente.
Na vitória e na derrota,
é sempre a mesma.
Em fazer dar certo se detém.
Dos pactos do amor nos faz refém.
















terça-feira, 19 de maio de 2020


                     agora e na hora de nossa morte 



                 




O mundo mais uma vez
envolto em maus presságios,
empilha mortos.
Não sabe o que fazer para conter a peste, 
não sabe o que é melhor, 
ficar em casa ou seguir em frente.
É preciso trabalhar mas 
não deixam.
Governantes inescrupulosos anseiam
pelo estado de calamidade pública, para tirar proveito
político e arrombar 
os cofres públicos. Enquanto uma parte do povo diz amém, 
a outra esbraveja, mas é obrigado a se submeter, 
no fim das contas,
todos desaprendidos de ver,
veem e não veem, a prístina ciência dividida, 
as notícias sinistras dão o tom,
todo mundo dá palpite e ninguém tem certeza de nada,
a economia se desintegra mas tudo bem, 
há que seguir os protocolos, 

seja o que Deus quiser.

Assim se cumprem os ritos insanos 
da era cibernética,
em que tudo reverbera e contagia
pior que a pior das pandemia.
A desinformação, o fake news, e a controvérsia
campeiam, 
à dano da massa de deserdados, 
que, como sempre, pagará a conta.
Cota que lhes cabe num mundo cuja essência
se crispa na agonia moderna,
tutelado por crápulas e imbecis,
como foi e sempre será.
Eterna é a ignorância e tudo aquilo
que nenhuma força resgata,
conquanto pareça ser esta a vontade de Deus.
Que cada dia seja de plenitude 
e sacrifício. 
Agora e na hora de nossa
morte. 
Amém.




 



















                           

                 aceitação
                                         

                                 



A temida velhice é como um rio 
sem correnteza,
que me puxa para o fundo,
sem uma mão para me salvar.
Morro um pouco todos os dias que passam
sem mistificação.
Perdido na névoa da ausência de tudo
que me foi importante,
estranho pensar que em
pouco tempo estará tudo acabado. 
Resta apenas um menino suspenso na memória,
e a estranha ideia de não ter mais futuro.

Não direi que estou resignado. Há lembranças
demais para simplesmente deixar de lado.
Minha riqueza está no que vivi, nem o solitário
crepúsculo me fará triste. 
O gosto da derrota é suave, fruto da aceitação 
e do alívio de não carregar mais  
o fardo do amor que fere e mutila.
Já não há para onde ir,
além do voo derradeiro,
silente e melancólico,
rumo à eternidade.
Ao esquecimento.



























segunda-feira, 18 de maio de 2020











Aprendendo a viver
sem as pessoas
que vivem sem mim.















Antes de ligar, de procurar, de mandar mensagem,
dizer que está com saudade,
pensa no depois.
Depois disso...o que vem ?
A solidão novamente. A companhia
temporária ? A mesma dor, o mesmo choro,
o mesmo "quem sabe um dia ?"
Tem coisas que não vale a pena
cutucar, se não, nunca cicatriza.
Tem remédio que ameniza a dor
momentaneamente
mas abre um buraco maior dentro da gente.


(a menina e o violão )





sábado, 16 de maio de 2020



                                                  E tenho dito !







Prefiro o ódio à indiferença.
O desaforo à ironia.
O soco à traição.
A verdade doída a mentira piedosa.
Prefiro o papo reto ao blá-blá-blá.
Encarar o touro à unha à levar desaforo para casa.
Andar sozinho do que mal acompanhado.
Prefiro desagradar pelo que sou,
a ser admirado pelo que não sou.
Não ter um puto no bolso à pedir emprestado.
Prefiro bater de frente à ficar em cima do muro.
Prefiro ser o que sou
a ser o que querem que eu seja.

Por aí se vê como sou indigesto.
Politicamente incorreto.
Que não agrada nem a gregos nem a troianos.
Para o quê estou pouco me lixando,
pois não devo satisfações a ninguém.
A não ser minha consciência.
E tenho dito ! 




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