sexta-feira, 21 de agosto de 2020


                              nosso lar é o inferno


 


Mentes empedernidas, mentes obtusas, 

mentes malignas.

De que barro é feito essa gente

que tanto mente, finge ser o que não é ?


A minha ideia do mundo há muito 

caiu por terra.

Caíram as crenças, as esperanças, 

restaram os equívocos.

A desconfiança de tudo e de todos.

Súbito, tudo faz sentido.

Até o que não faz sentido.

Há, simplesmente, que aceitar. 


Dispersos, à desídia nos entregamos

em meio a vaporosa ideia de nós mesmo.

Assim passa a vida, o ouro do sol  

exige que sejamos vis.

Tudo vale a pena pelo preço certo. 

O que nos pesa, o vento carrega.


Ah, sentir-se nascido para cada momento.

Ter ideias e sentimentos sem os ter.

Mentir para si mesmo sem culpa, porque a culpa nunca 

é justa.

Filhos de um mundo enfermo, em que tudo 

se quebra e emudece,

nosso lar é o inferno. 








quinta-feira, 20 de agosto de 2020


                                         sabedoria



Sabedoria mesmo é valorizar a vida normal.

Sem glamour e sem dor.

Insossa, banal,

mas antes assim do que mutilada, artificial.


Dinheiro é bom mas não compra tudo.

Fama é bom mas não dura para sempre.

Sabedoria é conseguir conciliar as coisas 

sem perder o prumo, sem se degradar.

Fazer da vida normal, o melhor possível.

"Ter sem deixar que o ter te tenha." (MILLÔR FERNANDES)









  



                                         ferida sem cura




No rebojo de sentimentos que envolvem 

uma separação,

tudo vem à tona, de bom e de ruim.

O desgaste é tremendo, em todos os sentidos. 

E não é para menos.

A ruptura de nosso bem mais precioso

sempre deixa sequelas irreparáveis.

Ainda quando consensual, marcas sempre ficam.

No mínimo, questionamentos.

O que se fez de errado, o que poderia ter sido feito.

O tardio arrependimento por não ter feito mais.

Não ter valorizado mais, ou não ter desistido antes.


Ah, o custo da separação. O amor vilipendiado, sonhos, 

as expectativas fraudadas transmutadas em ressentimento 

e ódio. 

Sequer um desfecho digno que console o coração,  

eis a ferida sem cura da separação.





  



domingo, 16 de agosto de 2020

                                  

                                                agruras


 

Entre as agruras normais do envelhecimento, nada é mais danoso do que a auto-desvalorização. Não só o sentimento de inutilidade, de insignificância, mas principalmente o de depreciação da vida passada, a propensão a achar que fracassou em tudo. Algo que pesa e transforma a fase terminal da vida num suplício ainda maior do que normalmente é.

Nem me refiro a natural degradação dos laços afetivos, quase sempre inevitável no transcorrer do tempo, o que por si só torna a velhice um inferno para muita gente. Quanto a isso, pouco ou quase nada se pode fazer. A grande e derradeira batalha - na qual por sinal me encontro empenhado -, é exatamente não ser seu maior inimigo. Não deixar que a auto-depreciação, o sentimento de fracasso, piore o que já é ruim demais.   





 

   

  

 


     


As crianças são nossos maiores mestres, pela pureza e sinceridade, mas são as pessoas inescrupulosas as que mais nos ensinam. São as que mentem, enganam, traem, ou seja, as que nos ensinam que a maior burrice que se pode cometer na vida é confiar.

 

 




  

sexta-feira, 14 de agosto de 2020


                              o pior ainda nem chegou



Por motivos óbvios, nunca se falou e houve tanta preocupação com a morte como atualmente. E não é para menos, com a dita-cuja rondando sorrateiramente por aí, na forma de um vírus que quando encasqueta, não livra a cara de ninguém, velho, novo, pobre, rico, da raça que for, é bem liberal o filho da mãe.

É realmente estranho, inusitado, viver sob o espectro de algo tão abrangente e preocupante, não só por tratar-se de uma experiência totalmente nova, que pegou o mundo desprevenido, como pelo fato de estar longe de ser eliminada, como se vê pela média de mais de mil mortes diárias só aqui no Brasil. O que sugere que a volta à normalidade ainda demore a acontecer, se é que acontecerá, considerando que o perfil da doença ainda não está devidamente mapeado, obrigando a manutenção de medidas preventivas por um tempo indefinido.

Como arcar e lidar com o custo disso tudo é que é o grande dilema. O cenário é dramático, e as consequências econômicas ainda estão porvir, em função da falência de mais de 600 mil empresas e 3 milhões de desempregados, segundo as estimativas mais recentes. Sem falar no já anunciado desarranjo das contas públicas, que levou o governo a cogitar o estouro do teto de gastos, por enquanto abortado, sem o quê não terá como manter o socorro emergencial à população e as empresas em dificuldade. 

Ou seja, a morte ainda será preocupação diária por muito tempo. Com a diferença de que menos pela Covid diretamente, e mais por suas consequências junto a economia, e das outras enfermidades dela oriunda. Ainda mais se for confirmado que mesmo os curados estão sujeitos a desenvolver doenças em diversos orgãos.

Oremos.


       

 





     



    

        

 










   

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