quarta-feira, 4 de novembro de 2020



                            O PÊNDULO





Pouco nos importa o fado alheio.

Ainda que de "breves sortes e penas sem fim".

São problemas dos outros, danem-se !

No inclemente tempo que tudo corrói, ignoramos

A implacável lei de causas e efeitos 

Que a tudo rege. 

Nos simulacros da vida embutidos,

A visão do austero espelho,

Os pequenos milagres do cotidiano.

A noite infinita.

As vigílias e as desditas.

O plano incompreensível dos geômetras.

O mar.

As ondas.

Os jardins.

Os livros.

Os ancestrais.

Nas infinitas ramificações da existência,

as fábulas,

as metáforas

que nos conectam 

as duas faces opostas de Jano.

Ao mundo de ferro e magia

que não entendemos.

Ao perpétuo pêndulo dos sentimentos

que nos governa.





 


terça-feira, 3 de novembro de 2020



                    O TROCO




O que pode o amor

diante da cruel indiferença,

se não consegue sequer dar o troco

na mesma moeda ?

Eludido, talvez diáfano, 

em que procura quem já não

o procura.

Anterior ao tempo que se fez

ausente.

Longe de mim qualquer revide.

Pouco importam as troças, o menosprezo.

Não serei indigno de um passado

tão ditoso.

De tão deprimente desfecho

não compartilharei.




                                  a lei do retorno





No fundo, a única questão existencial e filosófica

relevante

é a dor.

Todo o resto, é resto.

Supera-se.

Já a dor é permanente,

atormenta, tortura,

inferniza.

A curto, médio e longo prazo. 

Física ou mentalmente.

E o que é pior : compulsoriamente.

Ninguém escapa daquilo para o que 

não há antídoto,

remédio, vacina.

Independentemente de cuidados, idade,

o máximo que se pode fazer é prevenir,

retardar.

No mais, quase sempre, é tudo uma questão

de sorte, destino, carma.


Em meio as mais variadas teorias,

eu apostaria na chamada lei do retorno.

Na Justa Lei Máxima da Natureza.

Segundo a qual, por cortesia dos deuses,

os bons e os justos sofrem menos.

No mínimo, é um bom motivo para sermos

menos escrotos.








segunda-feira, 2 de novembro de 2020


                              rompantes




Há defeitos que anulam qualquer

qualidade.

Irascibilidade e impulsividade, por exemplo.

Não adianta ser bom, honesto, bacana,

responsável,

se for pavio curto,

não ter autocontrole.


Falo de cátedra, perdi a conta de quantas

vezes me prejudiquei, pus tudo a perder, 

em função de rompantes, explosões impensadas.

Ainda hoje, minha grande luta continua

sendo contra mim mesmo.

Não sei se há  esperança para mim.


  



                

 




Finados.

A cada ano a lista de perdas

aumenta.

Até chegar a nossa vez.

Não é agradável pensar na morte,

mas em sendo inevitável,

em sendo irrevogável e sempre presente,

convém preparar o espírito.

Viver cada dia como se fosse o último.


Não sei se existe vida após a morte,

mas conforta pensar que sim,

que um dia poderemos reencontrar nossos

entes queridos.

Mas o mais provável é que 

tudo comece e acabe

por aqui mesmo.

Razão a mais para não só  cultivar a memória daqueles

que se foram, como valorizar os que ainda estão conosco. 

Saudades de vocês, meus amados !






                     

                             o horror tem a idade do mundo





O horror das guerras

O horror dos massacres indiscriminados

O horror dos campos de concentração

O horror da miséria, da fome

O horror das doenças

O horror das prisões

O horror dos hospícios

O horror dos hospitais

O horror dos asilos

O horror das torturas

O horror das drogas, dos vícios.

O horror das perdas estúpidas, 

dos atentados, da violência gratuita,

O horror do abandono, da solidão...

Ninguém está imune aos horrores

da vida.

São recorrentes, inevitáveis.

Um dia, sempre batem à nossa porta.

Do nada.

Ou de tudo.

O horror tem a idade do mundo.






 

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