O PÊNDULO
Pouco nos importa o fado alheio.
Ainda que de "breves sortes e penas sem fim".
São problemas dos outros, danem-se !
No inclemente tempo que tudo corrói, ignoramos
A implacável lei de causas e efeitos
Que a tudo rege.
Nos simulacros da vida embutidos,
A visão do austero espelho,
Os pequenos milagres do cotidiano.
A noite infinita.
As vigílias e as desditas.
O plano incompreensível dos geômetras.
O mar.
As ondas.
Os jardins.
Os livros.
Os ancestrais.
Nas infinitas ramificações da existência,
as fábulas,
as metáforas
que nos conectam
as duas faces opostas de Jano.
Ao mundo de ferro e magia
que não entendemos.
Ao perpétuo pêndulo dos sentimentos
que nos governa.