sábado, 12 de dezembro de 2020


                              da calmaria ao tormento






Cedo ou tarde, dias de tormento sempre chegam.

E não há nada que se possa fazer 

para evitar.

A vida engana a vida, assim como nos engamos

com as pessoas.

Cada qual vergastado por suas escolhas.

No dilema sujo que nos consome, em que

as alegrias fecundam as dores,

tudo em que é possível acreditar morre ao final

de cada dia.

Na maldição de viver, a beleza de reviver num mundo

em que os próprios desenganos

são um engano.


Te dei o meu amor mas não foi suficiente.

E da calmaria ao tormento, foi só uma questão

de tempo.

Se não te parecia bom daquele jeito,

hoje, eu, refeito,

seria o caso de te dizer, bem-feito !


 




 

sexta-feira, 11 de dezembro de 2020






O amor que definha e acaba,

nunca mais vemos com os mesmos olhos.

Pelo simples motivo de que,

em já não sendo mais nossa, 

a mulher amada perde os atrativos.






 







Não me pejo

de como me vejo.

Sou um lampejo

de mim mesmo.


 



              até simplesmente desaparecer





Me proibi de ficar triste, de me sentir infeliz

por qualquer bobagem.

Por coisas que não posso mudar.

Mesmo me sendo muito caras.

Minha vida foi muito boa, a velhice não é

motivo para estragar tudo agora.

Só porque estou sozinho.

Só porque perdi minha família.

Só porque quase não vejo meus filhos.

Só porque meu ex-amor me repudia.

Só porque a vida continua resumida a trabalho 

e a matar tempo.

Só porque não consigo mais correr, jogar bola.

Só porque quase não tenho amigos.


Ah, não, não vou permitir que ninharias 

azedem meus dias.

Os poucos dias que me restam.

Os quais pretendo usufruir em paz 

e sem maiores expectativas.

Até simplesmente desaparecer. 



 





O pior sempre chega. 

Mas não há de ser hoje. 



quinta-feira, 10 de dezembro de 2020



                       o triste jugo de ser alguém





Mais do que o afeto,

mais do que o próprio amor,

o homem anseia por respeito.

Como trabalhador.

Como provedor.

Cumpridor de seus deveres.

Como pessoa de bem.

Eventualmente sujeito à falhas, tropeços, quedas,

como qualquer ser humano.

Porém, nem por isso indigno de receber 

o que lhe é devido.


Na pública luz das batalhas anônimas,

nossos atos prosseguem seu caminho sem fim.

Urdindo conquistas e tragédias.

Quando o corpo se cansa de ser o homem que  foi,

o reconhecimento é a régua de sua obra.

Que lhe servirá de consolo ou agonia.

Que é quando os dias consagrados 

ao inútil labor de servir e agradar os outros,

enfim o livrarão  do triste jugo de ser alguém.





 



 


 



                                escondendo o ouro





A vontade nunca cansa.

Vontade disto, vontade daquilo, 

o desejo sem desdouro.

Sempre batendo de frente

com a realidade.

Que vive escondendo o ouro. 



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