o velho e o novo amor
Enquanto o velho amor morreu de velho,
o novo já nasce envelhecido,
rodado,
queimando etapas,
pulando cercas...
Reais ou virtuais.
Afeições
estão cheias de más intenções.
Sonhos fiéis às paixões.
Ninfas atentando querubins.
Santos flertando com o diabo.
O coração, em pânico, cavalgando miragens.
Amigos e inimigos confraternizando.
O mundo partilhando dor e esperança.
O absurdo e os enigmas erguidos à vista humana.
Paixões e impulsos submetidos ao desejo impuro.
Tudo lentamente diluído em seu próprio desengano.
Em prévia exaltação da hora defunta.
A vida extinta como quem lava as mãos.
Vencer o tempo, em solenes venturas e desditas.
Enquanto a memória do amor aviltado
se apaga.
o toma-lá-dá-cá escroto da vida
As ausências preenchem o vazio em
que me sustento.
Feito de resignação e resiliência.
O que perdi é minha maior riqueza : não depender,
não precisar de ninguém além de mim mesmo.
O pouco que tenho, é o que eu tenho.
O quê o dinheiro pode comprar,
no toma-lá-dá-cá escroto da vida :
pequenos prazeres que valem mais que
as migalhas de afeto
a que só fiz jus
enquanto fui útil.
Do interesse daqueles que debandaram
como se não me conhecessem.
Implacáveis,
infalíveis,
como esse Deus
que criou o universo
o diabo,
e depois jogou um foda -se.
Meu instante agora é de supressão do mundo
paralítico de outrora,
em que apenas vegetava, cada vez mais distante
de ser eu mesmo, até desmoronar
diante dos engodos do amor.
O qual se imbricou além de mim, como uma flor
cuja haste se quebrou,
espalhando suas pétalas no jardim
em que um Eros sonolento tira meleca do nariz.
jogo de culpas Nosso amor não tem futuro. Eu não estou feliz, você muito menos. Nada do que eu faço é suficiente...