domingo, 3 de janeiro de 2021
sábado, 26 de dezembro de 2020
O horror das guerras,das atrocidades, dos crimes hediondos,
nunca deveriam ser esquecidos.
Seus registros macabros deveriam constar do ensino escolar.
Para que as novas gerações não percam ainda mais
o senso da realidade.
Filmes como "John Rabe" deveriam ser obrigatórios nas aulas de história.
Como exemplos do que há de pior e melhor
na espécie humana.
aceitação
A aceitação das coisas como são.
Parindo amor, mágoa, morte.
Sina de criaturas carcomidas pelo verme da vida.
Feita de máscaras, farsas, trapaças.
Em dias crivados de enganos.
A linguagem das coisas castas
consagradas ao inútil hábito de crer.
Urdindo cada separação e cada véspera.
Em espelhos, ecos, epitáfios que ramificam na grande
e insondável árvore das causas e efeitos.
Nas tramas de vidro e ferro, tudo é cíclico.
Lobos e cordeiros bebem na mesma fonte.
A memória encolhe e se purifica na aceitação
saturada de lembranças.
quinta-feira, 24 de dezembro de 2020
diário
Meus versos são um arremedo de mim.
Não obstante o entendimento confuso do mundo,
escrevo o meu diário como um Endimião à luz da própria
ruína.
Ao pé do cadafalso, oferecendo à pedra a flor fecundada,
as coisas possuídas mais indecifráveis do que nunca.
Nos dias que não se resolvem, vemos o que não vemos.
Nas infinitas variações do tempo que se esvai
sem glória,
elidindo o disfarce perfeito.
Meu corpo, embrulhado em vestes cotidianas, cambaleia como
um pugilista cansado : já não há pelo que lutar.
Mas o mistério das coisas continua, porque não podem
senão continuar.
Como um jogador dostoievskiano
cujo crime e castigo é continuar jogando.
Como um soldado condenado a guerrear.
Sem direito a paz.
Tenho olhos mas estou cego.
No teatro da vida, tudo é partido. Tudo se parte além
do palco.
O coração ardente com o tempo esfria.
Antes não precisasse justificar o que me fere.
terça-feira, 22 de dezembro de 2020
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