sábado, 9 de janeiro de 2021

                                   

                              

                                                         silogismos





O que importa não é o que importa.

O que pensamos que importa nos induz a erros.

Nessa louca aventura sem sentido que é

a vida,

quase sempre somos os reais causadores 

das atribulações que nos fustigam.

Eis, pois, a pergunta que deveríamos fazer sempre :

qual nossa responsabilidade sobre os problemas

e preocupações que nos afligem? 

Assumi-los é uma parte da cura.

A outras, é livrar-se do jugo de culpas e aflições 

pertinentes a questões

que fogem a nosso alcance resolver. 

Causa do desassossego permanente, da ansiedade,

do fantasma da depressão 

que andou rondando minha vida por um bom tempo.

Por assumir culpas e viver me preocupando 

com pessoas que não estão nem aí para mim.


Por tudo que me foi caro e inolvidável, seguirei grato.

Mas nada além disso.

Os velhos silogismos carcomidos de tolices, 

não me afetam mais.



   





  


  

sexta-feira, 8 de janeiro de 2021


  

          schadenfreude 



       

            


As dores nos acompanham vida afora.

Dores do corpo, 

da mente, 

da alma.

Cada qual a seu tempo, às vezes associadas.

Posto que tudo está encadeado. 

O que a mente concebe, repercute no corpo.

Entre flores e espinhos, as poderosas palavras regem a vida.

Abrem e fecham caminhos.

Cuida com o que dizes.

Acautela-te com o shadenfreude.

Atente para o velho e sábio mantra : não deseje para os 

outros o que não quer para si mesmo.

Pode ser demorado, sofrido, mas um dia 

descobre-se que a vida nada mais é 

senão aquilo que a gente faz dela.





 

 

quinta-feira, 7 de janeiro de 2021



                A FLOR E A PEDRA


                                                                        (Gravura de Bankski)


Uma flor é uma flor. Uma pedra

é uma pedra. O que não impede

que uma flor seja uma pedra, e uma

uma pedra, uma flor.

Pois a mão que acaricia, é a mesma

que apedreja. Quem nunca

sofreu por amor que atire a primeira pedra.

Ou uma flor...


(11?08?18) 

segunda-feira, 4 de janeiro de 2021



                                         o vulto





Estou aqui como se já não estivesse.

Vivendo como se não vivesse.

Sinto que meu tempo já passou.

Tempo de fazer as coisas,

de ser útil.

Hoje sou apenas um vulto

que se esgueira por aí.

Que teima em continuar por aqui.

A despeito de não fazer mais falta.

De apenas existir.



 


                                   













 





                              memória 





O tempo leva a vida como o vento.

Todas as coisas que já morreram erigem

a vida sucateada.

Salvo a irrevogável memória 

dos tempos ditosos.

Que pairam como a última

pièce de résistance.





domingo, 3 de janeiro de 2021





Gostaria de iniciar 2021 num tom mais animador, mas 

não há otimismo que resista a tanta coisa ruim que se

acumula. Desde o recrudescimento da pandemia a essa

discussão esquizofrênica sobre a eficácia das vacinas,

passando pela falta de perspectivas de melhora no ambiente

econômico e político, o fato é que o ano novo começa sob o

signo do desânimo e da desolação.

Que não nos falte forças para seguir em frente, na crença

de que não há bem que sempre dure, nem  mal que

nunca acabe.






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