As pessoas hesitam menos em se voltar contra
aos que amam,
do que contra aos que temem.
(O Príncipe/Maquiavel)
CADÊ A BULA ?
O que é pior : deixar de ser importante
ou deixar de se importar ?
Deixar de amar ou de ser amado ?
Deixar ficar ou deixar de ficar ?
O que é melhor : ser bom ou ser justo ?
Ser sincero ou realista ?
Ser coerente ou politicamente correto ?
O que é mais fácil : fazer o correto ou o mais
cômodo ?
Mentir por uma boa causa ou botar o dedo na ferida ?
Criticar ou compreender ?
O que contribui mais para nossa felicidade : o bolso ou
a imaginação ?
A dimensão objetiva da posse material ou
a dádiva intangível da fantasia ?
A noção de que tudo seu seu preço
ou a fé cega de poder domar o curso das coisas ?
O quem é mais tolo : esperar por gratidão ou
acreditar em afeição desinteressada ?
Confiar cegamente ou ignorar o óbvio ululante ?
Perdoar incondicionalmente ou fazer vistas grossas ?
O que é mais certo : investir tudo em nossas discutíveis
aptidões ou deixar o barco correr ?
Ser feliz por fazer
ou em paz por deixar de fazer ?
Saber de tudo e sofrer
ou ignorar e viver ?
Saber ou não saber, ser ou não ser,
não sei,
ninguém sabe.
Deus, quando fez o mundo,
esquecer de fazer a bula.
(Nov 2017)
silogismos
O que importa não é o que importa.
O que pensamos que importa nos induz a erros.
Nessa louca aventura sem sentido que é
a vida,
quase sempre somos os reais causadores
das atribulações que nos fustigam.
Eis, pois, a pergunta que deveríamos fazer sempre :
qual nossa responsabilidade sobre os problemas
e preocupações que nos afligem?
Assumi-los é uma parte da cura.
A outras, é livrar-se do jugo de culpas e aflições
pertinentes a questões
que fogem a nosso alcance resolver.
Causa do desassossego permanente, da ansiedade,
do fantasma da depressão
que andou rondando minha vida por um bom tempo.
Por assumir culpas e viver me preocupando
com pessoas que não estão nem aí para mim.
Por tudo que me foi caro e inolvidável, seguirei grato.
Mas nada além disso.
Os velhos silogismos carcomidos de tolices,
não me afetam mais.
schadenfreude
As dores nos acompanham vida afora.
Dores do corpo,
da mente,
da alma.
Cada qual a seu tempo, às vezes associadas.
Posto que tudo está encadeado.
O que a mente concebe, repercute no corpo.
Entre flores e espinhos, as poderosas palavras regem a vida.
Abrem e fecham caminhos.
Cuida com o que dizes.
Acautela-te com o shadenfreude.
Atente para o velho e sábio mantra : não deseje para os
outros o que não quer para si mesmo.
Pode ser demorado, sofrido, mas um dia
descobre-se que a vida nada mais é
senão aquilo que a gente faz dela.
A gente tem um vício estranho em transformar sofrimento em mérito. Acreditamos que o amor verdadeiro precisa ser uma batalha épica, uma co...