quinta-feira, 21 de janeiro de 2021


                         

                             belo e desesperado                                     

                   

O amor. 

Chega e passa como um temporal

que tudo arrasta.

Belo e desesperado, fiel a sua 

nômade natureza. 

O coração pequeno se inflama em sua pungente pressa.

Os torvelinhos da vida entorpecem 

e nos arremessam aos charcos mais infectos.

Não, o amor não vale a pena.

Esse amor que suga e mata a sede

com vinagre. 

Que abre crateras na alma desavisada e se nutre 

do que temos de melhor,  

Até denegrir tudo aquilo que um dia foi. 

E nada mais reste 

senão

o clangor da carne insatisfeita.


  


 

 

domingo, 17 de janeiro de 2021




Quero a memória bem viva

para lembrar que na minha vida

a beleza e a doçura

venceram a amargura.



 
 

quarta-feira, 13 de janeiro de 2021



As pessoas hesitam menos em se voltar contra

aos que amam,

do que contra aos que temem. 

(O Príncipe/Maquiavel)



domingo, 10 de janeiro de 2021


                                  CADÊ  A BULA ? 





O que é pior : deixar de ser importante

ou deixar de se importar ?

Deixar de amar ou de ser amado ?

Deixar ficar ou deixar de ficar ?


O que é melhor : ser bom ou ser justo ?

Ser sincero ou realista ?

Ser coerente ou politicamente correto ?


O que é mais fácil : fazer o correto ou o mais

cômodo ?

Mentir por uma boa causa ou botar o dedo na ferida ?

Criticar ou compreender ?


O que contribui mais para nossa felicidade : o bolso ou

a imaginação ?

A dimensão objetiva da posse material ou

a dádiva intangível da fantasia ?

A noção de que tudo seu seu preço

ou a fé cega de poder domar o curso das coisas ?


O quem é mais tolo : esperar por gratidão ou

acreditar em afeição desinteressada ?

Confiar cegamente ou ignorar o óbvio ululante ?

Perdoar incondicionalmente ou fazer vistas grossas ?


O que é mais certo : investir tudo em nossas discutíveis

aptidões ou deixar o barco correr ?

Ser feliz por fazer

ou em paz por deixar de fazer ?

Saber de tudo e sofrer 

ou ignorar e viver ?


Saber ou não saber, ser ou não ser,

não sei,

ninguém sabe.

Deus, quando fez o mundo,

esquecer de fazer a bula.


  (Nov 2017)

sábado, 9 de janeiro de 2021

                                   

                              

                                                         silogismos





O que importa não é o que importa.

O que pensamos que importa nos induz a erros.

Nessa louca aventura sem sentido que é

a vida,

quase sempre somos os reais causadores 

das atribulações que nos fustigam.

Eis, pois, a pergunta que deveríamos fazer sempre :

qual nossa responsabilidade sobre os problemas

e preocupações que nos afligem? 

Assumi-los é uma parte da cura.

A outras, é livrar-se do jugo de culpas e aflições 

pertinentes a questões

que fogem a nosso alcance resolver. 

Causa do desassossego permanente, da ansiedade,

do fantasma da depressão 

que andou rondando minha vida por um bom tempo.

Por assumir culpas e viver me preocupando 

com pessoas que não estão nem aí para mim.


Por tudo que me foi caro e inolvidável, seguirei grato.

Mas nada além disso.

Os velhos silogismos carcomidos de tolices, 

não me afetam mais.



   





  


  

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