Mora dentro de mim um cúmplice
do crime de lesa-vida.
restos, rastros, rostos
Porque no fim só restam as palavras.
Mais indecifráveis do que nunca.
O que foi dito e o que não foi dito.
No indizível bailado das formas disformes,
mil formas de sentir condensadas em parábolas
estanques.
Cumpre adivinhá-las antes do salto mortal.
Surdo, cego, vil, imundo : é o mundo.
Com pompa e circunstância (ou não ),
indefere nossos pedidos,
ignora nossos anseios.
O sol nascente indiferente às preces e súplicas.
Em crepúsculos de água e sangue,
zumbidos de moscas não diferem louvor e morte.
O encadear-se das coisas suprime a beleza.
No caminho divergente, ninguém sabe o que é ida
e o que é volta.
Os restos, os rastros, os rostos
deformados
girando
sonâmbulos
nos descampados do mundo.
No princípio, tudo é belo. E ainda é belo
enquanto perdura
a ridícula crença no amor.
pense direito
Não nasci para grandes feitos. Não tenho os requisitos.
Me contento em não dar vexame.
A memória é nossa maior herança. Não se esqueça disso.
Não imagino a vida sem fantasia. Para compensar
a monogamia (hahahaha, pensou que eu ia dizer monotonia, né?).
Não há muito o que fazer depois de feito.
Portanto, pense direito.
a noite eterna a noite eterna chega devagar a vida passa devagar até tudo passar e você de repente acordar sozin...