Ter um ganha-pão.
Um trabalho digno.
É a maior e mais básica ambição
de quem
não nasceu para ser parasita.
brincando de não morrer
Na noite não muito iluminada
Uma poesia bem suburbana
Falaria da luz de pirilampos
A evocar os frágeis liames da infância.
Mas na solidão atemporal
Sutis caminhos de íntimos gozos
Enfim se despem da dependência.
Como uma flor que muda para o fruto.
São tempos sombrios.
Lave-se da alma a mitologia dos desejos.
Cumpra-se os dias como se fossem os últimos.
Sufocando a revolta.
Brincando de não morrer.
Ainda que a desdita, à solta,
"tão resoluta venha e carregada,
que põe nos corações um grande medo." ( adap. Camões)
enganando o coração
Já joguei muita bola, empinei pipa,
brinquei de pião,
jogo de botão.
Hoje, brinco de enganar o coração.
Já tive tudo na vida,
hoje nem pai nem mãe tenho mais.
Minha cama é de pregos.
Meus dias, de um prisioneiro. Todos os corredores
me conduzem ao patíbulo de meus erros.
Não há mais possibilidade de fuga.
Sequer há para onde fugir.
Sem a mocidade que nos impele para o abismo,
tenho a mente crivada de dúvidas e incertezas.
Ainda bem.
Nada mais enganoso que as certezas.
a noite eterna a noite eterna chega devagar a vida passa devagar até tudo passar e você de repente acordar sozin...