sexta-feira, 12 de novembro de 2021

sexta-feira, 5 de novembro de 2021




A humanidade vive hoje o seu ápice :

tornou tudo descartável. 







A rotina nos devora.

Só as dores se renovam.

Mudam de patamar com o tempo.

À procura de seus próprios e tortuosos fins.




 



                             distrações





Naquele instante mágico

em que tudo acontece,

iludidos e pretenciosos,

imaginamo-nos,

regentes do que somos.

Esquecidos de que nada somos, 

nada temos,

além de breves distrações 

em meio 

aos intermináveis suplícios da vida. 

Sim, o mundo é cruel, 

especialmente às primeiras horas da manhã,

quando quase todo mundo dorme,

sem imaginar toda a merda que vai acontecer.









terça-feira, 2 de novembro de 2021



Se há um dia em que não me importo

de não ser lembrado por ninguém,

é hoje. Finados.







 

 

 

domingo, 31 de outubro de 2021




                                 o homem só




 


O homem só nada teme.

Porque tudo já lhe foi tirado.

Sua sina é a da espera ansiosa pelo que não virá.

Deu os desejos todos por um modo de sarar as feridas.

Enquanto a indesejada não chega.

Com a pouca vaidade resumida à gasta dignidade.

E o pensamento dividido entre deitar para dormir ou morrer.

O reino dos céus está logo ali.

Espera ter feito por merecer.  




quarta-feira, 27 de outubro de 2021


                              no apagar das luzes





Assim como este virtual apagar das luzes,

meus versos também encontram seu termo,

como ondas que arrebentam nos molhes.

Nada mais tenho a dizer.

Nada devo a ninguém, nem me sinto credor.

Logo a vida que se esvai não será mais

que memória.

Vago canto de pássaros que não vemos.


Vejo passar meus últimos dias como quem

não tem mais nada a perder. Muito menos ganhar.

O que fiz de bom ou de ruim me segue como um

cão fiel.

Quando a hora chegar, hei de estar arrumado

como para ir a uma festa.

O melhor de viver é esperar.






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