sexta-feira, 28 de janeiro de 2022


                                      cu doce



Às vezes, a melhor maneira de resolver dilemas 

existenciais é a soco e pontapés. 


           Quando eu queria, ela não quis.

           Agora que ela quer, é minha vez de fazer 

           cu doce.


Não sei se ela é a minha cura

ou mais uma de minhas loucura.


           


 

domingo, 23 de janeiro de 2022


                                     penhores






             Dos versos que escrevi para essa desalmada,

             o que mais me dói 

             é ela não ter entendido nada.


Nada mais justo que te esqueças de mim.

Nada lamento, fiz por merecer.


           Antes de partir, 

           só me faço um favor :

           me restitua o amor 

           que te dei em penhor.


Poucas coisas resistem ao tempo.

Sobretudo, aquilo que não é nosso.

Afetos, amores presumidos.








                    quarentena 






Queria escrever um poema

Que não fosse de anátemas

Que tivesse o amor como tema

Mas, oh, que pena !

Meu coração continua de quarentena. 




sexta-feira, 21 de janeiro de 2022




                 errar é humano





Como tudo na vida,

erros existem para serem cometidos.

Afinal, é errando que se aprende.

Se por bem ou na marra, a escolha é sua.





                            

                     a realidade extraviada 



                                                                        gravura de Salvador Dali


Deixei-me nascer de novo.

Venho de caminhar por eras de cifras e marcos

que me legaram, por assim dizer,

três vidas em uma.

A memória sobranceira desapegou-se

das antigas diegeses.

E de tudo desaprendido - dúvidas, desejos,

paixões -, abraço essa realidade extraviada

como um presente inesperado.


Agora podem me ver como realmente sou.

Nem feliz, nem triste,

posto que despojado de tudo 

o que me alegrava e me tolhia.

E, quase póstumo, me permito

viver como nunca consegui.









 


 

quarta-feira, 19 de janeiro de 2022


                                         às margens do nada






Aqui termina essa viagem em que tudo é cansaço

e abandono.

A distância entre as coisas, nos dias de todos,

o que resta, senão, aceitar ?

Às margens do nada, as nuvens ignoram a verdade

desconcertante.

É tarde, cumpro o percurso que me redime ou me cega.

Fui aquele que preferiu contemporizar à dor.

Em todas as coisas aniquiladas, a precisão da punição

injusta se apega a tudo que não existe mais.

Enquanto a vida sangra sem qualquer esperança,

como uma fera mortalmente ferida.


 



Por que escrevo ?

Talvez para tentar decifrar

aquilo que me foge à compreensão.

Talvez para disfarçar minha ignorância.

Talvez para dar vazão ao eterno desassossego da alma.

Talvez escreva, simplesmente, para aliviar 

minhas culpas.  



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