o troco
Ninguém ama impunemente.
Ou fere ou é ferido.
Se ferir, fique certo, cedo ou tarde,
receberá o troco na mesma moeda.
Quem com chifre fere, com chifre será ferido...
essa cruz não carrego mais
Da minha maior conquista, ninguém vai me demover.
Tanto sofrimento e decepção, não terão sido em vão.
Mais do que um vício, é de uma doença que me curei.
Essa cruz não carrego mais.
O amor que consome.
O amor que cega.
O amor que manipula.
O amor que trai.
O amor vingativo.
Que mais cedo ou mais tarde, em indiferença,
em ódio se transforma.
Não, meus caros. Para mim, chega.
Já não tenho mais ânimo, paciência,
e muito menos a crença de que possa ser diferente.
Me arriscar a passar por tudo de novo.
Ir do idílio ao purgatório.
Anseio por paz.
Mesmo que seja a dos cemitérios.
o riso das hienas
Confesso, pensei que seria mais difícil.
É como se ela não tivesse existido.
Não da maneira como a via.
Toda devoção, dúvidas, sofrimento,
sumiram como por encanto.
Bastou abrir os olhos.
Ver aquilo que me recusava a ver.
Os podres de uma relação desgastada.
"E verás a verdade, e a verdade vos libertará."
Simples assim.
Agora tudo o que resta
é o riso das hienas.
a farsa
Esse estranho hábito de sofrer
por quem não merece.
O temor, a imperfeição, a náusea margeando
o silêncio, crivado de segredos.
Recolho-me ante o mal que me faz
saber quão traiçoeiro pode ser o amor.
Na paz que me roubou e me falta,
há de surgir o entendimento
que o meu vazio apacente.
Sem não mais sentir
a desolação da farsa.
o luto eterno
O meu pesar é o pesar de quem perdeu mais
do que o coração pode suportar.
Esse coração generoso e altaneiro que mesmo repudiado
e vilipendiado, não esmoreceu.
Sofreu e se compadeceu com o infausto
que por fim a levou,
ainda tão jovem, cheia de planos.
Mas se o amor pode ser mais forte que a morte,
como se diz,
o que se fez em vida, o que foi sordidamente escondido,
e enfim revelado,
é a bala de prata,
a estaca num coração
que amou
além da razão.
Meu pesar é o pesar de quem teve as próprias
lembranças maculadas.
Na dúvida de saber quem realmente ela era,
o pesar de quem sente que viveu uma grande farsa.
Meu luto é eterno.
o tribunal do tempo
Nada afeta mais um homem do que a desonra.
Não há maneira mais eficaz de destruir alguém
do que desonrá-lo.
Não há humilhação maior do que ser traído
morando debaixo do mesmo teto.
Há traições e traições.
Há traições eventuais, circunstanciais, às vezes
até justificáveis
E há traições frias, calculistas, cruéis.
Quando mantidas em segredo para fins escusos,
para tirar proveito material, manipular os filhos.
Não há dor maior para um homem do que constatar
que foi enganado, usado, feito de bobo,
por aquela em quem tanto confiava,
companheira de tanto anos.
E no entanto, capaz de algo tão sórdido.
Sem ligar para as consequências.
Sem se dar conta dos danos irreparáveis.
Sem atinar para o fato de que mais cedo ou mais tarde
a verdade sempre aparece.
E que o tribunal do tempo é implacável.
haja tapete !
Às vezes é melhor não saber.
A menos que esteja preparado para o pior.
Porque as coisas boas ninguém esconde.
Já a sujeira, haja tapete !
Então, se seu amor, seu grande amor,
o levou a amargar aquele sentimento de culpa
por tudo ter acabado,
saiba, tenha a certeza,
algum motivo sórdido há.
Um relacionamento sadio é feito de sintonia
e cumplicidade, se uma das partes passar a imputar
à outra toda a culpa pelas desavenças,
é porque não está mais afim.
É porque tem podres à esconder.
Podres que um dia virão à tona, pode crer.
De modo a macular toda uma história.
A ponto de o próprio perdão se tornar irrelevante.
a noite eterna a noite eterna chega devagar a vida passa devagar até tudo passar e você de repente acordar sozin...