segunda-feira, 25 de julho de 2022


                    razões para viver





Não concebo a (minha) vida sem esperança.

Sem algum tipo de crença ( no Deus de Spinoza, por exemplo).

Sem calor humano, ainda que à distância.

Sem beijo na boca, sem tesão, substância.  


Não imagino a vida sem saúde (tratemos de nos cuidar !)

sem quebrar a cara (quem, não ?),

sem errar e se arrepender (idem).


Não imagino a vida sem os prazeres 

e as dores que humanizam.

Sem perseverar no amor, crasso e excepcional.




 

domingo, 24 de julho de 2022



                a verdade (versão cética)





A verdade não tem dono.

Vive mudando de foro.


             A verdade é uma história bem elaborada.


A verdade é a verdade de cada um. O resto são versões.


            Nem a verdade é confiável, como tudo que é humano.


Um dia saberás a verdade, e a verdade já não importará.


           A verdade é muito relativa. 


Não confunda verdade com opinião.


           O grande problema da verdade é ser quase sempre inconveniente.


Nada mais chato do que um dono da verdade.


           A verdade é a mentira que não vingou.


Ter a palavra final não significa estar com a verdade.








           



sábado, 23 de julho de 2022


              pobre criatura





No mundo cibernético

o homem-computador

o homem-celular

o homem-digital

proto-humano virtual

em tempos de culminâncias e clausura

procura o que não vê

fugindo de si mesmo

sendo e não sendo

com a vida joga

com a vida negocia

distribuindo segredos

respirando o momento

remoto e matinal

caminhando para fora do tempo

solitário, em meio ao convívio sem contato.

Ao amor sem paixão.

Pobre criatura proto-humana

sem cicatrizes

sem alma...



 




                 SEM FUTURO





Esse confuso querer,

ora querendo, ora não querendo,

dúvidas consumindo a mente,

matando um pouco mais o que a gente sente

sempre que você mente. 


Você me chama de ignorante,

ignora o quanto sou paciente,

abusa por eu ser tão carente,

qual o futuro desse amor subserviente ?





                     rei morto





Tantos rostos, tantos desgostos

Tantas coisas tortas

Tantas horas mortas

Sem respostas

O amor te voltado as costas

A vida sempre fechando portas

Tipo assim, brincadeira de mau gosto

Rei posto é rei morto.









 

terça-feira, 12 de julho de 2022


Coisas que levarei comigo






O aroma de café perfumando as manhãs de outrora.

Os raios riscando o breu de incontáveis noites.

As trovoadas retumbantes precedendo tantos temporais.

Os recitais de sapos e grilos nos brejos da infância.

O abraço calorosa da grossmutter inolvidável.

As águas turbulentas do Jacuí, a barragem do Fandango

da minha terra natal, Cachoeira do Sul.

A intimidadora (para os adversários) avalanche tricolor,

do sempiterno Olímpico.

As musas, as musas, que fizeram minha vida mais plena.

Meu pai, não por ser meu pai, a criatura mais doce que conheci.

Minha mãe, dona Dalila, santa e megera.

Minha irmã caçula Ingrid, cujo amor imensurável pelos filhos

só não a salvou da leucemia.

Os poucos amigos para todo o sempre, minha sempre presente 

irmã Ivania.

Os momentos felizes (que foram muitos) dos meus dois casamentos.

Curitiba, que nunca foi fria comigo, muito ao contrário. 

Santos, minha terra de adoção, onde vi crescer meus filhos, 

onde fui amado e odiado, e bem ou mal ganhei a vida.

As peladas épicas dos sábados à tarde do Clube da Ponta.

O inigualável e sempre diferente por do sol da orla santista

O gosto por estas mal traçadas que deram sentido a minha vida.

As férias de verão da juventude, no paraíso terrestre do Agudo.

As vezes em que literalmente nasci de novo. Salvo (só pode)

por meu incansável Anjo da Guarda. 

A inigualável sensação de dever cumprido. 










 


















 



             cada indivíduo é um mundo



 


Vários mundos entretecem o mundo.

Feitos de muros e monturos.

Rodeados por coisas obscuras.

Cada indivíduo é um mundo.

Inóspito, sombrio.

Em vidas que se encontram e se dispersam,

por caminhos sem rota, sem volta.

Mundos extraviados em corpos perecíveis, como 

no Paradiso maravilhoso 

e terrível de José Lezama Lima.


Meu mundo é de contrição e usura.

O gozo fugaz me remete ao estigma de estar só.

Meu mundo lavado anseia por novas realidades,

em que um novo olhar se faz necessário.

Para viver o que nunca chegou a ser, a mentira do amor. 

Só não me chame de bebê...





 

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