sexta-feira, 26 de agosto de 2022



                     vivência


 




 

No tumulto aprender o valor da paz.

Na agitação, o valor do silêncio.

Na tristeza, o valor da alegria.

Na partida, o valor das coisas passadas.

Na solidão, o valor das coisas perdidas.

Tudo óbvio, desde que devidamente vivenciado.

Ninguém vive pelos outros. 





                            Atitude





Quando, em poucos dias, seu filho mais velho manda você calar a boca e não se intrometer em seus assuntos pessoais; quando seu filho adolescente diz não dar 1% de importância a suas opiniões; e sua suposta namorada, com quem você se preocupa, gosta, e ajuda financeiramente, diz não haver nada entre vocês além de uma troca de favores, inevitável não se perguntar o quê está fazendo de errado. 

E mudar de atitude. 





domingo, 21 de agosto de 2022



                  

      o glorioso destino 

      de um mundo sem poesia




tela de Salvador Dalli 




A fome, a miséria, carcaças apodrecendo a céu aberto

não rendem poesia.

Os hábitos, os vícios, os gostos modernos não rendem poesia.

Os eternos conflitos hegemônicos e étnico-religiosos, 

não rendem poesia.

A nova escala de valores da pós-modernidade não rende poesia.

O recrudescimento de estupros, violência doméstica 

e discriminações de toda espécie, não rendem poesia.

A crescente desigualdade social, a falácia político-religiosa,

a manipulação midiática, não rendem poesia.

O exibicionismo, a ostentação, as aberrações, os golpes,

as fraudes, em suma, as mazelas do mundo digital 

não rendem poesia.

Grandes transformações abarcam e tangem a humanidade 

para seu glorioso destino.

Em que a poesia não é mais necessária.

Nem o amor, à venda na Internet, como tudo que é descartável. 













   




 

sábado, 20 de agosto de 2022



                       


                



                 perspectiva





De manhã, ainda sonado,

saindo para trabalhar,

sacolejando no ônibus lotado,

a pergunta que não quer calar :

é para isto que vim ao mundo ?

No banco ao lado, um aleijado

dá bom dia até para cavalo.




                              a lógica dos sociopatas





Acima de toda e qualquer coisa, a vida é uma sucessão 

de enganos.

De engano em engano o coração desenganado vai se despetalando,

às fraquezas e desalentos se entregando, 

marcado para sofrer,

se esvaindo como um veio de água escorrendo pela encosta.

Enganamo-nos com tudo e com todos. 

Entre doces ruínas mortas

edificamos caminhos de ternuras idiotas.

O amor germina e acaba como tudo que é inapreensível.

Uma coisa é viver a vida, a outra é estabelecer condicionantes

para a felicidade. Como os laços afetivos, que são os

que mais nos ferem e decepcionam.

Gasta-se o tempo construindo quimeras autofágicas.

A busca de nós mesmos rói e escalavra

o sentido das coisas. 

Vivemos num mundo de mentiras que vende a doença

como cura.

Em que o lema é subornar a permissiva consciência.

Em nome da sobrevivência tudo é válido.

Enganando os outros, enganando-se. 

A verdade de cada um investe contra a verdade do outro.

Pouco importa estar com a razão ou não.

A razão do mais forte, do mais poderoso, sempre prevalece.

Quando não da truculência.

Para estes, os enganos não contam.

Sob a lógica dos sociopatas.




























   

sexta-feira, 19 de agosto de 2022



                         lágrimas benditas





Fui destinado a ser feliz.

Privilegiado por tudo que recebi.

Sofri muito menos do que mereci.

Das coisas erradas fui sempre absolvido.

Não nasci para grandes feitos, mas colhi o que plantei.

Dores arbitrárias, amores malogrados não me derrotaram.

As adversidades me fortaleceram.

As lágrimas benditas me humanizaram.

O coração exaurido de tudo,

Saciado do amor como uma abelha 

Que se afoga no próprio mel.




 

domingo, 14 de agosto de 2022




O que é, o que é...

Não tem asas mas voa

Não tem voz mas fala

Não tem olhos mas enxerga

Não tem inteligência mas é sábia.  

Não tem coração mas sente ?

A imaginação...



 

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