o ápice da história
( ou o buraco é um pouco mais embaixo )
A grande aldeia global de McLuhan se estreita,
se transporta instantaneamente.
Invade lares, pátrias, ignora fronteiras,
alheia a contrastes e discrepâncias nunca vistos.
O planeta evolui involuindo.
O mundo se interconecta
se evolando
se eximindo
cohabitando sub-mundos, paraísos artificiais.
Morticínios e genocídios banalizados nos breaking news,
enquanto a distinta plateia se deleita com o show business.
Astros do ludopédio monopolizando multidões, faturando
milhões, inevitável não pensar nos bilhões
que sofrem toda sorte de privações,
mas o mundo
nunca primou por ser justo, muito menos...humano.
A grande aldeia global apenas ampliou a desigualdade.
A violência e a criminalidade ganharam novos contornos,
golpistas se multiplicaram, incautos é que não faltam.
O mundo agoniza sob a pantomina de sempre.
A Ucrânia é dizimada, a terceira - e apocalíptica -
terceira guerra mundial se avizinha, mas todos
agem como se nada estivesse acontecendo.
Só se ligam no futebol,
no besteirol que grassa nas redes sociais,
nas putarias on line.
Ninguém tem as mãos limpas, o homem engana
o homem, conquanto a vida engana a vida.
É tempo de frágeis afetos e compromissos inconclusos,
escandidos em bélica paciência.
O sangue fresco de novas auroras flui além dos enganos.
A secular injustiça não se resolve.
Nada além da tola presunção de vivermos
o ápice da história.