a beleza nunca morre
o que fazer das certezas que hoje
já não tenho ?
o que fazer com tudo em que acreditava,
e que agora jaz em sono macio e terrível ?
onde foram parar os sonhos, a beleza crismada
da juventude extraviada ?
qual o destino do que já não é eterno ?
são tantas perguntas sem respostas
que aos poucos todos se igualam na desdita.
até os mais fortes se ajoelham
ante a maldição perene das desgraças.
só há paz na solidão dos cemitérios.
só há paz na libertação dos efêmeros prazeres.
só há paz nas coisas mais simples.
como toda matéria em movimento,
a beleza nunca morre, apenas se esconde,
se transmuta.
os dias escuros iluminam os espíritos atormentados,
para que a fraqueza se transforme em heroísmo.
para que a monotonia atroz dos dias que não passam
perfume os caminhos mais solitários e vazios.