segunda-feira, 16 de junho de 2025


                     o presente do presente



 


               




Eu vivia do passado. 

Vivendo do passado.

Saudoso das coisas que se foram.

Inconformado pelo que perdi.


Vivia amargurado.

Atrelado as coisas de outrora.

Que eram o meu parâmetro.

Querendo o que já não podia ter.

O que já não existia.

E por não mais existirem,

parecendo melhor do que foram.


Porque insatisfações sempre existiram.

Tristezas e decepções são uma constante na vida.

Fazendo com que nos refugiemos no passado.

Quando não conseguimos lidar com o presente.


Mas, graças a Deus, consegui superar.

E mais que isso,

desfrutar de um verdadeiro tesouro.

Meus filhos.

Meu orgulho.

Os dois que já criei.

O meninão que ainda crio.

E este filho temporão

que me fez reviver emoções passadas,

mas com os pés no presente maravilhoso.

O presente do presente.

Que faz meu velho coração transbordar 

de ternura.


Gracias a la vida que se restaura

a cada amanhecer.

E nada mais a dizer, a não ser

agradecer.





domingo, 15 de junho de 2025


                 o amor não deixa barato




Não há simetria no amor.

Um sempre sente mais que o outro.

Sofre mais.

Ama mais.

Alguém sempre se ferra.


O amor nunca é igual.

Alguém sempre se doa mais.

Se sacrifica mais.

E nem poderia ser diferente.

Cada um tem seu jeito de ser.

E o que somos, é como amamos.

Pessoas maduras, equilibradas,

amam melhor.

Pessoas instáveis, geniosas,

desfiguram o amor.


O amor exige muito.

É uma busca constante de paz e harmonia

em meio a turbulência.

Nada do que se faz é o bastante.

Não há simetria no amor.

Porque não basta fazer quando o outro

não reconhece.

Porque não adiante esperar reciprocidade

de quem não consegue dar.


A métrica do amor não se mede com  palavras,

mas com ação, atenção.

Eu te amo é fácil falar.

Demonstrar são outros quinhentos.

Cobrar é fácil, retribuir é que são elas.

O amor nunca é igual.

Muda conforme o tempo, a idade,

as fases.

E às vezes nem amor é.

Interesse, conveniência.

Tudo tem seu preço.

E existindo ou não,

o amor não deixa barato.













terça-feira, 10 de junho de 2025


                    um homem ou um rato ?






Tudo o que eu queria era não ter que pedir.

Tudo o que eu queria era partir de você

a iniciativa de me procurar, de me ver.

De demonstrar que sente minha falta, 

como sinto a sua.

Mas qual o quê. 

Não sei se por orgulho,

ou pior ainda, indiferença, 

você some, fica dias sem dar notícia.

E só reaparece quando precisa de alguma coisa,

pedir algum favor, 

ou um de seus famosos pedidos de empréstimo,

que já viraram até motivo de piada.

Pois nunca devolve nada, muito menos a atenção

e o afeto que lhe tenho.


E ai de mim se reclamar, cobrar qualquer coisa,

ignorar o quanto és ocupada, e eu,

só falta dizer, um chato de galocha.

Rapaz, se liga, penso comigo, 

sai dessa vida,

deixa de se humilhar por alguém

que não está nem aí para você.

Vai procurar quem te queira, que te respeite,

ou fica na sua.

Pois nada nem ninguém é mais importante

que a tua paz. 

Não insista, não seja chato.

Afinal, és um homem ou um rato ?



* letra de música 







 

segunda-feira, 9 de junho de 2025


                        nada mais traiçoeiro



A gente luta

tenta 

investe

concede

se reinventa

arrisca

sofre

se desdobra, não mede esforços

para fazer dar certo

aquilo que nunca se contenta

que não se sustenta

não tem lógica

maltrata

mutila

rasga por dentro

sangra

até converter-se em mágoa

náusea

O amor faceiro

matreiro

nada mais traiçoeiro

encanta

seduz

consome

arde feito fogo

até a exaustão

quando a brasa

vira carvão.



* letra de música



domingo, 8 de junho de 2025


                    

                      desiderato


A espera pelo que não virá é longa.

Mas meu coração não  se cansa 

nem se dá por vencido.

Às vezes ridículo e ingênuo, colecionando

tropeços.

Mas sem nunca deixar de ser 

grande e generoso.


Nele cabe de tudo.

Amor, sofrimento, melancolia.

Cabe música e poesia.

Cabe o mundo todo.


Paciente, não se importa de esperar.

Elabora circunstâncias, quimeras.

Consolando e sendo consolado.

Corajoso e imprudente.

Sempre aberto a novas paixões.

Iluminado pela beleza da solidão.

Vivendo de sonhos e fantasias.

A espera pelo que não virá.


                           fora de moda



Mesmo fora de moda e correndo o risco

de parecer piegas, 

me assumo um romântico da velha guarda. 

Mando flores, puxo a cadeira para as damas,

sou respeitoso com as palavras

e - santa heresia ! - dado a fazer poemas.


Sou sentimental, gosto das músicas antigas,

bolero, tango e tudo mais.

Ao contrário de hoje em dia, dou e exijo 

exclusividade. 

Curto andar de mãos dadas, jantar a luz de vela,

namorar no carro.

Não abro mão de muito beijo e abraço. 

Se bobear, até serenata faço.


Confesso meu desconforto com o imediatismo

de hoje em dia.

Que dispensa o ritual da conquista.

Estranho os relacionamentos vazios, 

a banalização do sexo,

o amor precificado.

Meu romantismo fora de moda

ainda acredita no amor verdadeiro.

Mesmo que precise inventa-lo. 












                         quando o mundo se quebra




Um dia o mundo se quebra.

E nada nunca mais será como antes.

Novos atores entram em cena,

com  suas armas e bagagens.

Perdido, o amor se lava de seus triunfos

e pecados.

Outras portas se abrem, enquanto o desencanto

inventa outras formas de viver.

Roendo o osso das banalidades

como um cão esfomeado.

Impregnado de valores abstratos.

Contrastando com ser.

Contrastando com estar.

Enquanto o silêncio se expande.


Quando o mundo quebra

outro surge, igualmente injusto.

Igualmente imundo.

Em que as dores de amores se dissipam

com outros amores.

 

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