sexta-feira, 20 de junho de 2025






                           rescaldo






"Queria não ter te conhecido."


"Queria que você sumisse da minha vida."


"Queria que você tivesse morrido."



Relacionamentos são complicados.

Em dado momento, não há escapatória,

as coisas desandam, 

e tudo de bom vai para as calendas.

Por melhor que já tenha sido.

Por melhor que você tenha sido.

Porque a última impressão é a que fica.

E, você sabe, águas passadas não movem moinhos.


Já amei e fui amado.

Já acreditei e me empenhei em fazer 

o amor dar certo.

Não posso dizer que tudo foi um fracasso total,

afinal, foram décadas casado, vieram filhos

adoráveis, e muitas lembranças boas a considerar.

Mas em dado momento, as coisas desandaram.

Já não importa como e por quê.


Há coisas que saem do controle, fogem a razão

e ao entendimento, 

e quando nos damos conta, já era.

Cabe apenas aproveitar o rescaldo e tentar recomeçar.

sem cometer os mesmos erros.

Para ter uma mínima chance de dar certo.

Para que ninguém mais deseje que você suma.

Ou morra.

















                   caminho sem volta





É bom estar ciente de que, quando você se envolve 

com a ralé, a bandidagem, o mal, 

entra por um caminho sem volta.

Porque as coisas não mudam, as pessoas não mudam, 

e acabam te arrastando para o lodaçal

em que vivem.

A falta de escrúpulos, a falta de caráter, não tem peças

de reposição.

Pau que nasce torto não endireita. Só cortando, 

arrancando pela raiz.

Portanto, todo cuidado é pouco com as escolhas.

Um passo em falso pode causar danos irreparáveis.

Mais do que nunca, vale o velho ditado : 

antes só do que mal acompanhado.








quinta-feira, 19 de junho de 2025

                    

              sem deixar saudades



No fim, quase nunca sobra nada.

E o que sobra, pouco representa.

Não consola, não apaga a mágoa.


Mesmo as melhores coisas se perdem

em meio aos escombros de uma relação

que finda.

Desgastada, exaurida, mutilada.

Quando já não há como estancar a ferida.


Eu tentei.

Você tentou.

Não deu.

No fim, as diferenças falaram mais alto.

Cada qual com suas razões e teimosias.

Não cedendo o suficiente.

Entre brigas e silêncios, algo se quebrou.

Quase nada sobrou.


E quando não há mais comedimento e respeito,

o amor não sobrevive.

Sem fazer falta.

Sem deixar saudade.








Lentamente, aos poucos,

o amor vai nos abandonando,

como um barco que se afasta do porto.


Razão da aflição, da agonia 

que habita o coração de quem vê tudo

a contragosto desmoronar.


Por conta desse sentimento que compõe, dispõe,

impõe seus ácidos enredos.

Cujos enigmas não consigo decifrar.


Devagar, calmamente, o sol declina, o dia expira,

sem que nada de especial tenha acontecido.

Mais um dia sem te ver, mais um encontro adiado.

Reluto em admitir que talvez não sintas 

o que eu sinto.

Que não sintas a minha falta como sinto a sua.

O que explica esse distanciamento

que, afinal de contas, tanto me angustia. 


Já não aguento essa situação.

Chega de enganar o coração.

Chega de deixar que esse amor

unilateral ofusque a razão.

Hora de deixar ir, deixar partir.

Como um barco que se afasta do porto

lentamente. 












 































quarta-feira, 18 de junho de 2025

                         a máscara




A vaidade é a máscara atrás da qual

escondemos o que realmente somos.

Maquiagem, procedimentos estéticos, penteados

e roupas extravagantes, tatuagens, 

vale tudo para chamar a atenção.

Tudo disfarce, todos querendo ser mais do que são.

Esconder o que só entre quatro paredes revelam.

O verdadeiro eu.

Os defeitos.

A falta de caráter. 

Para compensar o que não se compra.

Os fracassos.

As mentiras.

A hipocrisia.

Como você, amor.

Uma fodida metida a besta.

Como eu, outro fodido,

querendo enganar o tempo.


Sim, é bom se cuidar, ter vaidade,

faz bem a autoestima. 

Mas, veja lá, sem perder a noção das coisas, 

o senso do ridículo.

Para que quando se olhar no espelho,

não ver uma miragem, um estranho.

Uma caricatura de si mesmo.



 


terça-feira, 17 de junho de 2025



                        o leão e a gazela



Não me canso de admirar

a morena que me ignora.

Jeitosa, dengosa, 

passa sempre pela rua onde moro.

Passa distraída, nem imagina

que fico sempre a espreita-la. 

Como um leão de olho na gazela,

nas savanas do Serengeti. 


Ah, morena, sonho com o dia

que a sorte me sorria.

E enfim repares em mim.

E vislumbres o quanto te quero. 

E finalmente possamos nos conhecer melhor.


Ah, morena,

jeitosa, dengosa,

me amarro em você.

Posso ser tudo o quiser.

Até casar eu caso, se for o caso.

Basta você querer.

Basta você reparar em mim.

No quanto te quero, como um leão 

de olho na gazela, 

nas savanas do Serengeti.


*letra de música





                          

                                    despojos



O mundo de amor e ódio me espreita.

Que sortilégios ainda aguardam meus dias ?

Se sonhos e expectativas já deixei para trás ?

Meu céu é de solidão e conformismo.

Nada mais espero, a não ser 

a benção de uma morte tranquila.  


Assim como passaram meus pais, o tempo

em que tudo queria e podia, 

hoje cumpre resignar-me com os despojos

dessa venturosa jornada.

Nem por isso ruim, muito menos triste.

Guardadas as devidas proporções,

minha realidade nada deixa a desejar. 

Sou feliz a minha maneira.

Reconfortado pelos momentos mágicos já vividos,

bem como outros que ainda estou vivendo.

Porque a vida pode ser mágica e trágica,

e ainda assim espalhar dádivas

a cada manhã, de todo irreverente.





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