terça-feira, 13 de setembro de 2016


                                 LEGADO


Da janela, igual a tantas janelas
De concreto e da alma,
Um vulto espreita a avenida silente.

Na madrugada gélida, enquanto dormes
E outros se flagelam, a solitária figura a tudo 
Contempla e se consola com desgraças alheias.

Pois não obstante a prostração, 
O seu coração pulsa forte e descompassado
Como um animal enjaulado,
Açulado por elucubrações que à noite sangram.
Assombrado por fantasmas do passado
E por demônios do presente, que rondam seus passos
E fustigam sua mente enferma,
Finge sentir o que não sente,
Resignado com o pouco que tem.
Com o pouco que restou de uma vida sem viço 
e autodestrutiva.

Vida sem sentido, de um renegado,
Cujo legado é nada.
Absolutamente nada.


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