sexta-feira, 2 de dezembro de 2016



              PARA TODOS E PARA NINGUÉM 





Não escrevo para ser agradável.  Não escrevo para fazer proselitismo, para quem tem ouvidos moucos, cegos que não querem ver.
Não escrevo para os fracos, para que não se sintam melindrados; nem para os raivosos, que reagem com a bílis e agressões gratuitas.
Não escrevo para idiotas, que de idiota já basta eu. Não escrevo para intelectuais, doutores, bacharéis e eruditos de antanho, com suas prendas e bordados, para não passar vergonha ou ensinar o pai nosso ao vigário.
Tampouco escrevo para autodidatas, diletantes, neófitos nas artes e das artimanhas da vida. Nem para os crentes, abduzidos de esquerda e direita, e sobretudo, chatos em geral, os tais que brilham feito ouro de tolo.
Não escrevo para o público, que já tem ícones e oráculos à rodo, além do gosto especial por apedeutas, salafrários e meliantes em geral, ungidos aos mais altos cargos e com direito a chave do cofre. Minha mensagem é mais modesta e errática, tipo aqueles escritos confinados em garrafas que boiam em mares revoltos, até lançadas n`alguma praia ignota ou sumirem sem deixar vestígios.     

Não escrevo para impressionar, esclarecer, e muito menos matar a cobra e mostrar o pau. Não escrevo para provocar, ter razão, estou mais para desafinar e sair pela tangente, pois cansei de bater de frente e sair mal na foto.

Não escrevo para convencer ninguém de nada, muito menos do que não tenha convicção, ou seja, sobre pouco ou quase nada. Não escrevo para mostrar um conhecimento que não tenho, leigo que sou em quase tudo, mas cioso do papel de eterno aprendiz.
Não escrevo para contar histórias que não sei, posto que nada de extraordinário vivi; e o que vivi, possivelmente não interesse a ninguém, embora seja o meu bem mais precioso, confinado em algum ermo canto do meu coração. 
Não escrevo para ser compreendido, e muito menos admirado ou amado, tal qual um Paulo Coelho repaginado, ciente de meus parcos conhecimentos e habilidades. Não escrevo para dar lições de moral e bons costumes, para não parecer um anacronismo nesses tempos de moralidade elástica e costumes desvirtuados.
Não escrevo para os politicamente corretos e falsos moralistas, que no apagar das luzes seguem o velho mantra "faça o que eu digo, e não faça o que eu faço".  Tampouco escrevo para os que ficam em cima do muro, para os que não fedem nem cheiram, as "maria vai com as outras", os que não cagam nem saem da moita, e por aí adiante.

Isto posto, para quem escrevo, afinal ? Para todos e para ninguém, por supuesto.  


     



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