domingo, 14 de julho de 2019


                               
                            O CÁLICE







Nunca sentirei de novo o que um dia senti
Nunca mais terei o que tive
Nunca mais as mesmas emoções, os sonhos.
Tudo foi único, inigualável.
Besteira negar só porque acabou.
Desmerecer em função de malogros de resto normais
e previsíveis
Posto que nada dura para sempre

O que não significa que não possa 
Reviver algo parecido
Igualmente especial
Em alguns aspectos até melhores
Por agora saber valorizar cada momento
Se tiver a sorte de amar de novo

Um amor diferente, mais maduro, consciente.
Incapaz das loucuras de antigamente
Mas ainda assim prazeroso e intenso
Como um bom vinho
Explorado até as últimas consequências
Sorvido até a última gota
De um cálice prestes a esvaziar
E o qual, por isso mesmo
Não posso nem quero
Afastar ou quebrar

Sempre que possível, 
Brindemos, pois, 
À vida. 
Aos recomeços.











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