segunda-feira, 29 de novembro de 2021



                            peixes cegos




A maldição de Sísifo nos persegue.

Nada podemos reter. Nada é nosso, tudo é transitório, 

ilusório. 

Mesmo os afetos são como peixes cegos que nadam

em círculos, 

marchetados de corrompidas arquiteturas.

Há que sopesar a vida. Não ter medo de abraçar

o inimigo. 

Abster-se das infâmias, traições, egoísmos.

As altas torres do exausto coração um dia desmoronam,

em desocupados e cotidianos roteiros que zombam da morte.

Longos braços afeitos a adeuses 

acolhem a solidão que é de todos.

A fé em ruínas, refeita na dor peregrina,

lava o tempo terminal.

Vivemos para enterrar nossos mortos.

Até que a maldição acabe. 

No descanso eterno. 

  

  





 

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