peixes cegos
A maldição de Sísifo nos persegue.
Nada podemos reter. Nada é nosso, tudo é transitório,
ilusório.
Mesmo os afetos são como peixes cegos que nadam
em círculos,
marchetados de corrompidas arquiteturas.
Há que sopesar a vida. Não ter medo de abraçar
o inimigo.
Abster-se das infâmias, traições, egoísmos.
As altas torres do exausto coração um dia desmoronam,
em desocupados e cotidianos roteiros que zombam da morte.
Longos braços afeitos a adeuses
acolhem a solidão que é de todos.
A fé em ruínas, refeita na dor peregrina,
lava o tempo terminal.
Vivemos para enterrar nossos mortos.
Até que a maldição acabe.
No descanso eterno.
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