ready-made
O corpo e seus possíveis apelos devora
desejos, cheiros, pontos obscuros clamando por espaço,
para ser visto, triturado.
Na pele, tatuagens ao invés de cicatrizes denunciam o
que a roupa esconde.
Artifícios despedaçados que saíram de órbita.
Poesia não se explica, explica-se. Tudo se encere
no modernismo, farrapos da miséria deixam rastros nos antros,
nos passos cansados da legião de proscritos.
Ninguém mais vê o óbvio.
Tudo o que reflui permanece.
Postulados metafísicos procriam alternativas "apreciáveis e
duradouras".
A existência cotidiana aniquilada no ready-made do universo
se arrastra em jornadas malogradas e fraticidas.
Jazidas devolutas de ordinária alienação desenterram
as sementes que não vingaram.
A urgência da conscientização partilha os monólogos
não cumpridos.
A cultura autóctone sem transgressão sucumbe à mediocridade.
Intelectuais de antanho discutem os termos
de uma rendição honrosa.
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