segunda-feira, 29 de agosto de 2022


                         ready-made





O corpo e seus possíveis apelos devora

desejos, cheiros, pontos obscuros clamando por espaço,

para ser visto, triturado.

Na pele, tatuagens ao invés de cicatrizes denunciam o

que a roupa esconde. 

Artifícios despedaçados que saíram de órbita.

Poesia não se explica, explica-se. Tudo se encere 

no modernismo, farrapos da miséria deixam rastros nos antros, 

nos passos cansados da legião de proscritos. 

Ninguém mais vê o óbvio. 

Tudo o que reflui permanece. 

Postulados metafísicos procriam alternativas "apreciáveis e 

duradouras". 

A existência cotidiana aniquilada no ready-made do universo

 se arrastra em jornadas inglórias e fraticidas. 

Jazidas devolutas de ordinária alienação desenterram 

as sementes que não vingaram.

A urgência da conscientização partilha os monólogos

não cumpridos.

A cultura autóctone sem transgressão sucumbe à mediocridade.

Intelectuais de antanho discutem os termos 

de uma rendição honrosa.

 









 

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