segunda-feira, 13 de março de 2023



             a voz




A voz de ninguém exala clarividência.

Ouçamos, pois, a voz de ninguém.

Que exala clarividência.

Já é sabido, palavras não ditas asfixiam.

Aquietam-se, inocentes, povoando de sombras

o insuportável novo.

O olho não deseja mais do que prosseguir

na miséria.

O silêncio goteja o cascalho que reluz 

como ouro de tolo.

Sobre a língua que empala a boca,

algo que ficou entalado

transpassa a esplêndida agonia.

A voz de ninguém fala por nós.









 

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