sexta-feira, 30 de junho de 2023



             poema que nem poema é





Há laburnas, colunatas louras, 

enxame de mãos africanas,

fardos para carregar,

ataúdes de anões,

turbas romanas.

Vestidos lunares, véus funerários,

deuses provisórios, sílabas inteligíveis.

Há o preto e o escuro, convém não confundir.

O preclaro e o austero. A grade trancada, 

fontes de mel.


Há o cavalo com cor de ferrugem.

Pequenas franjas sangrentas.

A ferida e a gangrena. Bocas sedentas. 

Metais ardentes.

Mágoas de Deus. Lençóis opressivos.

Enxames de moscas novas.

Pinhas de abetos.

Qualquer coisa para lembrar.

Vestes e afagos.


Há oferta e comprador.

Feldspato e cristais apodrecidos.

Ondas de juníperos. 

Calafrios da noite. Rijas almas corrompidas.

Há cordilheiras de granito.

Serpentes prateadas. Relvas crestadas.

Carne tostada sobre pedras.

Bocetas de jovens prostitutas.

Cassetetes e coronhadas.


Há sobreviventes.

Nossas vidas.

E esse poema 

que nem  poema é.






Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagem em destaque

                                       não acredite                         quando digo                        que te amo Não acredite quand...