sexta-feira, 10 de novembro de 2023



                             idílio 



 

No limiar do finito

ecoa

meu canto inaudito.

Sem passado nem futuro,

prematuro e gratuito.


Ante o fulgor pesaroso da terra,

amanhece a agonia dos amores ferozes.

Morrendo em gotas sob o retumbar 

de emanações pétreas.

Espreita-me o abismo das fadigas.

Nada me ocorre agora que satura-se

o lustro dos vernizes.

O racimo dos prantos incha-se de paixões.

O provar dos rancores erige filhos da mesma morte.

O tédio inapreensível presenteia-se com seu cansaço.

Tudo se consome até o silêncio.


Vejo o que não vejo passar em angustiante abstinência.

Não obstante, o amor recria-se em graciosa desdita.

Onde nada nem ninguém nunca

detém o idílio dos desejos e sonhos.






 



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