terça-feira, 11 de junho de 2024


                     cavernas bipolares





Entenda

que um deslize zomba do saltimbanco. 

Enquanto o odor de chifre queimado dura,

fique frio, saia de fininho.

Não é triste nem alegre

o itinerário amoroso que se despede

violentamente.

O que você esperava ? Finais felizes não se compram

na farmácia.

A falácia embute sabedoria solitária.

Às vezes é só uma questão de ponto de vista.

O tato sente o cheiro do logro

quando o tempo se esgota.

O último que tampe a porta, se a tampa

não servir apague a luz.

O crente virou ateu quando Deus

não o atendeu.

Falar é fácil, o problema é raciocinar.

Os fatos não importam, as versões sempre prevalecem.

Juras dizer a verdade, somente a verdade, nada

mais que a verdade ?

Mas que verdade, cara-pálida ?

A do pretor-mor da República não vale.

Mentiras sinceras são mais interessantes.

Meus amigos são todos umas bestas quadradas.

Ou serei eu o abestado ?

Ninguém sabe das minhas cavernas bipolares.

Agora mesmo, estou feliz e descontente.

Paciente e intolerante.

Solícito e insuportável.

Sou aquele que dá graças pelo que não tem.

Incógnito, atravesso o Cabo das Tormentas

alheio a galhofa, ao escárnio.

E daí se embucetei-me em desvarios fervorosos ?

Melhor do que enfiar a cabeça na privada.

Ou não ?

Me diga você, sabichão.  


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