sábado, 27 de julho de 2024


                         causas perdidas





O que nos trouxe até aqui se perdeu 

no fluxo dos enxames.

Fora de nós os interesses em jogo

desmontam o passado.

O que fomos, o que fizemos 

adoece sob a imobilidade das causas perdidas.

O peso sobre os ombros supõe ouvir nereidas.

Aqueles que não sucumbem desistem de si mesmos.

Reduzidos a anelos fúnebres. 


É tempo de amar o impossível.

Entrever no sentimento novo os desejos

sequestrados,

enquanto elefantes sobem nos telhados.

Há que rasgar os manifestos, defenestrar

os incestos,

em prol dos mais ordinários impulsos.

Os planos de redenção remontam a delinquentes

de ofício.

Quando se trata de tirar proveito, é preciso dar

o que a vida pede.

A raiva das línguas faz as honras da casa.

A vontade de fugir se vinga ficando.

Desistir sem sequelas viola a diáspora dos triunfos.

Não há razão para desespero quando a cepa 

do fracasso é a incompreensão.

O enjambement é meu antídoto contra a

mesmice dos enredos.

Desanuviar-me das obrigações é meu ultraleve.

O possível itinerário trânsfuga experimenta 

erros de outra espécie.

Prefiro ficar com os meus, que já conheço.

Agradar todo mundo é a maior das causas perdidas.



 







 




 





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