segunda-feira, 2 de setembro de 2024


                          para ti e por ti




tela de Mark Ryden 

 


Colmeias histéricas se esmeram em colecionar façanhas.

Acusador e acusado trocam de lado, assim que extinto

o ônus da prova.

Cada fruto segue a verdade e a mentira com a mesma devoção.

Não há bem-aventurança na gravidez dos espinhos.

Palavras obscurecem o entendimento.

A dor desconhece a prece dos mortos.

Poças onipresentes velam esperanças afogadas.

Entre quatro paredes a loucura disfarça a realidade

cancerosa.

O mistério da vida inventa histórias e as desmente.

Toda mudez será perdoada.

Me vejo vagando entre cabeças cortadas e jihads  

sem sentido.

O truque é não levar nada à sério.

Promessas puxadas por carruagens de outrora zelam

pela existência cega.

O ser humano é carcereiro de si mesmo, quando

se priva da liberdade.

Todo sacrifício sabe de onde veio, mas não sabe se volta.

Para ti e por ti, o efêmero dispensa o eterno. 

Nada tema, a morte a todos espera 

de braços abertos.




 

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