terça-feira, 8 de abril de 2025



                        a arte de amar


A arte de amar

dispensa conhecimento de causa.

Só se aprende praticando.

E nunca é a mesma coisa.

Armas e bagagens ajudam mas não resolvem.

A não ser faca de dois gumes.

Tudo começa pelo ponto de partida.

No sufoco, qualquer musa serve.

De preferência, de cama e mesa.


A arte de amar

dispensa formalidades.

Quanto mais teatral, melhor.

Sem perder a fábula de vista.

Na véspera, nada acontece.





                 sou pródigo, mas nem tanto



Agarro o azul

Mastigo vidro 

Improviso de ouvido

Perdido, fungo no cangote

das meias palavras.

Meu dilúvio me incendeia.

Sou pródigo, mas nem tanto.

Há densidades que não habito,

nem cogito.

Os deuses sabem o que fazem.

Ou não ?



segunda-feira, 7 de abril de 2025


                    O amor que não se basta




O que nos une, nos separa.

O amor que não se basta. 


Não faz nada de graça.

Vive de pirraça.


Ambos pavio curto.

Volta e meia eu surto.


Você não fica atrás.

Quando baixa o Satanás.


É um tal de brigar e fazer as pazes.

De dialogar somos incapazes.


Eu cheio de razões.

Você cheia de dedos.


Eu marrento.

Você desbocada.


Ambos chegados num drama.

Só nos entendemos na cama.


O que nos une, no separa.

Não temos nada em comum.

Além do gênio ruim.


E assim vamos levando.

Mordendo e assoprando.

O amor que não se basta.


* musicado em 07/04/25



sábado, 5 de abril de 2025


                           quebra-galho


Houve um tempo em que achei possível

você me amar. 

Apesar do meu ardor sem contexto,

o meu querer destrambelhado.

O jeito diferente de pensar.

Mas você me amar... sejamos francos.

Seria como o mundo girar ao contrário.

Um corte sem cicatriz.

A rosa amar o espinho.


Houve um tempo em que achei possivel

você me amar.

Ser o vício da tua cura.

O jornal que embrulha o peixe.

O álibi do teu disfarce.

Mas você me amar...francamente.

Mais fácil a galinha criar dente.

Um ateu virar crente.

O sol nascer no poente.


Pois você só ama a si mesma.

E eu só sirvo de quebra-galho.

Mais fácil você me odiar 

quando a mamata acabar.

Não me faz falta esse amor

que arrebata e maltrata.

Que morde e assopra.


 

quarta-feira, 2 de abril de 2025



                         jogo jogado 


Cansei do amor

E pelo visto, ele de mim

Não reúno mais os requisitos.

Sequer tenho vontade.

Amar também cansa.


De tanto suar a camisa sem colaboração 

e reconhecimento, botei o amor para escanteio.

De tanto levar botinada e bola nas costas,

tirei o time de campo.

Já foi o tempo em que tinha disposição e fôlego 

para correr atrás.

Hoje jogo na retranca, e olhe lá.


Não faço mais questão de jogar um jogo que já

não encanta.

Em que a deslealdade campeia.

Em que jogar limpo é uma temeridade.

Cansei de correr por mim e pelos outros.

De fazer a minha parte enquanto os outros assistem.


A verdade é que o amor só compensa 

quando se é jovem.

Cheio de gás e testosterona.

Com o tempo, ao contrário do vinho, só piora.

A menos que se ganhe na loteria.

Pois como se sabe, o dinheiro compra tudo.

Até mesmo amor sincero.



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