quinta-feira, 10 de julho de 2025



                           a felicidade inventada





Já não sei mais como transpor

as barreiras festejantes 

que transformam o coração

num bobo da corte.


A juventude, fonte de calorosos desejos,

ri furtivamente da nossa cara.

Nesses tempos profanos, não adianta dizer

eu te amo.

Só os tolos acreditam.

A ilusória felicidade é cúmplice de muitos abraços.


O meu amor é de pouca validade.

Pois nada é como já foi.

O muito hoje é pouco.

Na carestia dos sentimentos, não basta o dinheiro,

mansões, carrões.

O vazio existencial é o grande flagelo

da modernidade.


Nas franjas do tempo, o magnífico mundo

já não distingue gozo, orgias, putas.

As antigos valores escorrem pelas sarjetas imundas,

quase extintos, como o pau-Brasil.


Socorro-me de mim mesmo filtrando minha

dúbia consciência.

Sem saber em quem acreditar, em quem confiar.

Revisando as emoções, aposentando as enferrujadas utopias.

Em busca de uma felicidade nova,

ainda a ser, modernamente, inventada.









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