segunda-feira, 20 de março de 2017
TORMENTO
Vivemos e morremos cada dia um pouco,
um pouco a cada dia,
sem entender o por quê das coisas,
sem saber de onde viemos,
para onde vamos.
Se é que viemos e vamos
de e à algum lugar.
Vivemos e morremos sem saber
por que somos como somos,
o por quê de uns serem mais afortunados que outros,
se todos são iguais aos olhos de Deus.
Se é que Deus exista ou se importe com a gente.
Vivemos e morremos num instante,
sob o estigma do imponderável,
à revelia da sorte e da compreensão.
Morrendo aos poucos ou subitamente,
no fulgor do dia ou no breu da noite.
Na paz de quem viveu dignamente
ou martirizado por remorsos e arrependimentos.
No tormento de quem está condenado a arder
no fogo dos infernos,
se é que o inferno exista,
se é que o inferno não é aqui.
Na cabeça de cada um ou numa esquina qualquer.
Na nossa propensão ao pecado.
À viver sem rumo e morrer à esmo.
Junho de 2015
sexta-feira, 17 de março de 2017
ESTRANHO NO NINHO
Como saber se o amor acabou, que a coisa desandou,
a festa acabou ?
Se de repente ou aos poucos ?
Em meio a desaforos ou silêncios ensurdecedores ?
Ora, que diferença faz ?
Quando acaba, acabou.
Pode acabar de cansaço, do tédio que consome
Se de repente ou aos poucos ?
Em meio a desaforos ou silêncios ensurdecedores ?
Ora, que diferença faz ?
Quando acaba, acabou.
Pode acabar de cansaço, do tédio que consome
as relações.
Pode acabar de inanição, asfixia.
Pode ter acabado há tempo e a ficha não caiu,
até que a indiferença e o desprezo sejam permanente.
Ainda agorinha, você chegou tão fria e distante
que não se deu ao trabalho nem de me cumprimentar.
De me olhar.
Me senti um lixo.
Um estranho no ninho, dentro do meu próprio lar.
Como pode tudo acabar assim ?
Tantos anos, tantas coisas de repente virarem pó.
Cinzas que já não dá para varrer para debaixo do tapete.
Como pode esse menoscabo ?
Esse "até logo, vá pela sombra" que fica subentendido
Pode acabar de inanição, asfixia.
Pode ter acabado há tempo e a ficha não caiu,
até que a indiferença e o desprezo sejam permanente.
Ainda agorinha, você chegou tão fria e distante
que não se deu ao trabalho nem de me cumprimentar.
De me olhar.
Me senti um lixo.
Um estranho no ninho, dentro do meu próprio lar.
Como pode tudo acabar assim ?
Tantos anos, tantas coisas de repente virarem pó.
Cinzas que já não dá para varrer para debaixo do tapete.
Como pode esse menoscabo ?
Esse "até logo, vá pela sombra" que fica subentendido
quando dás de ombro
para minhas perguntas e demandas.
O teu ar fastio diante do meu pequeno melodrama
que sempre surtiu efeito.
Mas para o qual agora não estás nem aí.
Descaso que já não te preocupas em disfarçar,
bem como o próprio desdém diante de minhas razões
O teu ar fastio diante do meu pequeno melodrama
que sempre surtiu efeito.
Mas para o qual agora não estás nem aí.
Descaso que já não te preocupas em disfarçar,
bem como o próprio desdém diante de minhas razões
e argumentos,
num claro indício de que já me fiz tardar.
De que já não há nada a fazer para remediar.
A não ser cortar as amarras e partir
Em busca de outros bares, digo, ares.
num claro indício de que já me fiz tardar.
De que já não há nada a fazer para remediar.
A não ser cortar as amarras e partir
Em busca de outros bares, digo, ares.
GRIPADO
Cá estou, na maior amargura,
nesse dia ensolarado,
perto dos 60,
na contagem regressiva
e nos dilemas de sempre
Eis me aqui mais uma vez
acuado pela vida,
aparentemente sem saída,
sem saber direito o que fazer,
se é que fazer é a melhor coisa.
Melhor talvez deixar como está,
o rio fluir,
o sol nascer.
Amanhã é outro dia,
e outros virão.
Deixar para trás o que hoje parece
tão lúgubre
tão triste.
E ainda por cima...gripado !
domingo, 12 de março de 2017
o fiel da balança
e que há muito mais à agradecer do que pedir.
No outro vê que não é nada disso, que tudo é ilusório,
e que a vida é a merda de sempre.
Num dia a gente se sente animado e esperançoso,
feliz como pinto no lixo com as migalhas que
a vida proporciona.
No outro você cai na real e vê que tudo é frágil e precário,
e que o fiel da balança tem uma mórbida propensão
ao malogro.
Num dia a gente se sente alegre e em paz,
com a alma leve diante do brilho radiante do sol,
do sorriso inocente de uma criança.
No outro, as rotineiras decepções e sacanagens
botam as coisas em seus devidos lugares.
Num dia a gente se sente forte e abençoado
por ter pelo que lutar,
um amor verdadeiro, filhos queridos, o ganha-pão que dá
para o sustento.
No outro, o castelo de cartas desmorona, e as armadilhas
do cotidiano escancaram a face dolorosa das relações
dilapidadas pelo tempo.
Num dia a sensação de que, apesar de tudo,
os sacrifícios valeram a pena,
que o mais importante é a consciência tranquila,
por ter feito o que julgava justo e correto.
No outro, a amarga constatação de que nada satisfaz
as expectativas e exigências de pessoas
que só te dão valor pelo que podes proporcionar.
SET. DE 2002
sábado, 11 de março de 2017
AFORISMO REVISTOS
Quem espera sempre alcança, mas está sujeito
a morrer antes. Ainda mais se depender da ajuda
dos outros.
Divagar se vai ao longe, devagar nem sempre.
Em terra de cego, quem tem um olho entra para a política.
Divagar se vai ao longe, devagar nem sempre.
Em terra de cego, quem tem um olho entra para a política.
O bom filho à casa toma, e põem os pais no asilo.
A ocasião faz o ladrão, e vice-versa.
Errar é humano; persistir no erro também.
Falar é fácil, fazer a gente deixa para depois.
Deus ajuda a quem cedo madruga, noves fora os notívagos
e os que sofrem de insônia.
O pior cego é o que vê mas não entende.
A mentira tem pernas curtas, mas usa pernas de pau.
Os últimos serão os primeiros, desde que os demais desistam.
A pressa é inimiga da perfeição, e da ejaculação.
Águas passadas não movem moinhos, mas provocam redemoinhos.
Quem quer faz, quem não quer, enrola.
Nada como um dia após o outro, ainda mais não tendo opções.
A esperança é a última que morre, mas não sai da UTI.
Para um bom entendedor, as palavras são supérfluas.
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