segunda-feira, 18 de junho de 2018


               

                                    Uma seleção respeitável 



domingo, 17 de junho de 2018



"El alacrán, cansado de ser un alácran, pero necesitado de sua propia alacranidad para dejar de ser um alácran". (Julio Cortázar)





                       CAMISA DE FORÇA






O que mais queremos da vida é a vida 
que não temos.
O que nos contenta, é o que nos confrange e coage.
Quando tudo vira hábito, obrigação 
para satisfazer as necessidades e expectativas alheias.
Seguindo regras estúpidas,
convenções que nos esfolam e assaltam a carteira.

Não podemos ser o que somos para não causar 
melindres, inviabilizar as relações.
O que somos é a metade do que queríamos ser.
Poder fazer o que se quer,
sem peias nem amarras.
Ah, quantos de nós dessa liberdade desfrutam ?
Viver a vida para a qual estamos manietados.
Não precisar ser agradável, educado,
com quem não é agradável, educado.
Não precisar trapacear para ganhar o sustento.
Não precisar mentir para não ser incompreendido.
Amar sem se sentir sufocado.
Não se sentir obrigado a nada senão ao desejado.
Ser feliz como quando criança,
quando tudo era simples e descomplicado.
E tudo parecia se esgotar em si mesmo,
sem a consciência e o peso das coisas
que acabam por nos meter numa camisa de força.
Ou num caixão...



              
                        recomeço


No inefável torpor de meu sonho mais profundo,
volto a ser o que fui antes de ser o que sou.
O que quis ser e não pude,
em face dos mil disfarces que a vida nos obriga.
Movido por fantasias em que me enredei,
como um peixe descuidado, 
que morre sem saber porque.

Eu, que do teu coração por tanto tempo fui dono,
e fui por ele abruptamente enjeitado,
é com absoluta franqueza que te digo :
embora não acredites, dei-te o meu melhor.
Não o perfeito, o ideal, sequer o desejado.
Simplesmente o meu sofrido legado.
Fados, fardos, traumas que não consegui superar.
Te decepcionei, não te amei o suficiente,
não porque não quis,
mas do único jeito que sabia.
Do único jeito que aprendi.

Na hora incerta que antecede a aurora,
sonho meu sonho indecifrável,
no qual tudo é possível.
Sonho que não obstante ser apenas sonho,
que frente a dura realidade nada significa,
permite-me ao menos lamber as feridas.
Resignado como um anacoreta 
que na solidão ora
para que Deus o acuda, e os anjos digam amém.

Não temos muitas escolhas na vida.
A vida escolhe por nós.
Cada coisa a seu tempo,
enquanto o mundo gira e nos impele
a renunciar a si própria em prol de algo maior.
Porque a grandeza humana está em amar e perdoar
Estar disposto a recomeçar.
Pois só há um caminho na vida,
seguir em frente sem olhar para trás...








quinta-feira, 14 de junho de 2018



TÚ ME ACOSTUMBRASTE 



 "...tú me acostumbraste
a todas esas cosas
y tú me enseñaste
que son maravillosas
sútil, llegaste a mi cómo una tentación
llenando de inquietu mi corazón
yo non compreendia, cómo se queria
em tú mundo raro y por tí aprendi
por eso me pregunto
ao ver que me olvidaste
por qué non me enseñaste
cómo se vive
sin ti..."


(Lucho Gatica)

Sinto a tua falta o tempo inteiro.
De cada centímetro do teu corpo sinto falta.
Corpo que esquadrinhei e mapeei
a ponto de fundir-se ao meu.
E tornar-me refém do desejo onipresente
de tê-la sempre inteira para mim,
como tive um dia.

Sinto falta da tua voz,
do teu sorriso, tua alegria contagiante.
Sinto falta do teu cheiro,
do teu gosto, do teu gozo.
Sinto falta do teu jeito de eterna menina,
da tua delicadeza no trato das coisas,
do comedimento para lidar com os problemas.

Sinto falta, muita falta, de te ver todos os dias.
Mesmo nas crises, mesmo quando dos longos
silêncios que nos empunhámos, 
tolamente,
sem saber, ferindo de morte o que nos unia.
Sinto tanto, tanto,
por não ter me dado conta 
do mal que estava nos causando,
me afastando,
me isolando cada vez mais,
até tudo desmoronar.

Ah, meu Deus, quanta insensatez, quanto ignorância
por deixar que o amor da minha vida
definhasse dessa maneira.
Ambos, espectadores de um naufrágio anunciado,
agora irremediável, agora inexorável.
Posto que não te dispões a reconsiderar.
A nos dar uma nova chance.
Despedaçada a esperança, ferida de morte a confiança,
a crença de que possamos superar.
Nem mesmo assumindo minha parcela de culpa.
Nem mesmo disposto a tudo para te compensar
a decepção e sofrimento que te causei.

Ao que também me pregunto
Ao ver que me olvidaste 
Por qué non me enseñaste
Como se vivi
Sin ti...

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