Dar um tempo. Parar para pensar. Passar as coisas à limpo. Fechar para balanço. Eis o que a vida às vezes requer.
quarta-feira, 24 de abril de 2019
MALUCO, NÃO
Em síntese, gosto de você mas gosto mais de mim. Da síndrome de Borderline estou me tratando. Bom saber, não sou uma aberração. Apenas um pouco desajustado. Fiquei aliviado em saber. Não me chame mais de maluco, tá bom ?
colheita
Sábio é aquele que consegue guardar as coisas para si. Dar tempo ao tempo. Esperar a poeira baixar. Para depois fazer o que deve ser feito. Algo que nunca consegui. Impulsivo, estouvado, cagadas e desafetos colecionei. Perdi a razão mesmo quando tinha. Colho o que plantei.
obsoletos Obsoletos, ao longe se divisa. Prostrados, amargurados, Carregam o peso do mundo. O próprio fardo. Dever, senso de responsabilidade. Da vida nada mais almejam. Nada além das pequenas compensações, Um remanso ao final da tarde, Jogar conversa fora com os poucos amigos. Já amaram, sonharam, tiveram posses, No entanto, tudo perderam, desperdiçaram. Fracassaram onde não podiam. Viram o flagelo chegar e se aquietaram. Viram as marchas fúnebres E aos sortilégios e fraquezas mundanas sucumbiram. E aos poucos, ou de repente, tudo se foi. No decorrer de sua vigília de proscritos Envelheceram, imprestáveis se tornaram. Um peso para a família, um peso para a Previdência Social. Em esquemas consuetudinários vivendo, O maganão santo se torna. "O homem é reconhecido por suas ações", É o que se diz, porém, com ressalvas. Quando as palavras valem mais que as ações, Os embustes e logros passam batido. Qual a coisa que, bem urdida, não mente ? Homens de ação, meros figurantes, Inocentes úteis que povoam a terra. Homens obsoletos, Incompreendidos, Desvalorizados em sua modorrenta serventia, Vivem a vida dos outros.
Certamente não haverá nada de perfeito a ser lembrado. Nada que não seja dispensável, depois de exaurido.
Porque já não te amo. Porque já não me amas. Um caminho deserto entre duas tumbas é tudo que restou. Exânime, vago de acalanto, o coração já nada espera. Aquela que parte, aviltada. Aquela que chega, corrompida.
Deusa intemerata, um brinde à sua formosura. Descrente de tudo, de ti me embriaguei. E depois te vomitei.
segunda-feira, 22 de abril de 2019
Aconteceu. Eis que o azul se tornou negro debaixo de nossos olhos, de improviso, sem que percebêssemos. É o fim. E o fim é fulmíneo. Adeus, adeus. Não era nada de especial, não era um dia extraordinário, não era sequer especialmente luminoso ou especialmente escuro. Nem muito bom, nem muito ruim; não era um dia histórico, nem um dia para se recordar. Era um dia como qualquer outro, nem triste, nem alegre;nem bonito, nem feio. Quase um dia inútil. Mas não havemos de vê-lo nunca mais. Como qualquer outro dia memorável ou não. * Adaptado do ensaio "Entre a mentira e a ironia", de Umberto Eco (1932-2016).
Se falsidade fosse uma doença mortal, o planeta estaria salvo.