segunda-feira, 29 de abril de 2019
legistas
Longas, tortuosas, ininteligíveis linhas,
Vêm à guiza de dissecar o mundo,
O teor indecifrável dos sentimentos.
"Rodopiando em torno do silente Verbo".
Almas sofridas, mentes angustiadas,
Entre sonhos e sombras passeiam
Libações e versos de antanho.
Das palavras perdidas, das palavras desgastadas,
Inauditas e inexpressas,
Pedaços da alma arremessados para (e contra ) o mundo.
A humanidade, o universo, amor, a vida
Como pano de fundo.
Abre-se a tenebrosa porta do imponderável.
Das trevas, dos mistérios da existência se ocupam.
Alheios à divina essência, no seio maternal do erro estiolados.
Condenados à dor de já não poder crer.
A (re)descobrir que nada vale a pena.
E ainda assim perseverar, recalcitrar, não obstante
A transcendência de tudo.
Aos falhos pensamentos e sistemas que nos guiam.
Flutuando entre o nascimento e a morte,
Entre o horror e os sonhos deambulando,
Eles, mais do que todos,
Filósofos, poetas, pensadores,
Legistas letrados de um mundo enfermo.
domingo, 28 de abril de 2019
sábado, 27 de abril de 2019
sexta-feira, 26 de abril de 2019
ENGODO
Quando se gosta, quando se ama,
a gente releva tudo.
Os defeitos, as mentiras.
Para tudo há desculpas, atenuantes.
Depois que o amor acaba,
até as verdades soam como mentiras.
A sinceridade ofende.
As qualidades, desaparecem.
E a realidade nua e crua nos inunda,
nos devolve à vida imunda,
da qual o engodo do amor
havia nos resgatado.
quinta-feira, 25 de abril de 2019
PARAÍSO
Tarde, se descobre que o quintal
em que a gente brincava,
era o melhor lugar do mundo.
Que tudo de que precisávamos na vida
para ser feliz,
estava ali.
Que todas as outras coisas não se equiparam,
não são como aquelas que estacionaram na memória,
simples, perfeitas. Esquecidas de tudo.
O pomar para apanhar fruta no pé.
Os arroios para tomar banho e pescar lambarís.
Jogar bola até escurecer, caçar sapos, correr à noite atrás
dos vagalumes.
Desconfio que o quintal da casa da minha avó
em Agudo
era um pedaço do paraíso.
Onde o céu era sempre azul.
E tudo era sempre divertido, até quando capinava com ela.
Eu não parava de tagarelar, e ela se ria alto
das besteiras que eu falava, em alemão.
Como uma vez, quando ela disse para eu falar menos
para não me cansar, e respondi
"ach, mutter, du ist beinahe kaputt".
Passagem, como tantas outras,
que eu adorava ouvi-la contar,
nos anos que se seguiram,
quando voltava lá,
cada vez mais distante do meu pequeno paraíso.
Ah, que saudade da minha gross-mutter querida,
que com certeza há de estar no verdadeiro Paraíso,
cuidando das hortas de Nosso Senhor.
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