ANOS DOURADOS
Ah, que saudade de quando tudo parecia
simples e descomplicado.
Tempo generoso de descobertas e ternuras,
em que a vida lentamente fluía.
Na doce irresponsabilidade dos anos dourados.
em que a vida lentamente fluía.
Na doce irresponsabilidade dos anos dourados.
Lembranças pungentes,
que embalam a melancolia do presente.
De quem vê tudo ausentar-se.
Os sonhos que sonhei.
As paixões febris.
As certezas pueris,
batendo asas como um colibri.
Um manto de veludo cobre a noite antiga,
como uma velha cantiga.
A lua chega de mansinho, como que procurando
um ninho.
As estrelas parecem derreter, confabulando
com o infinito.
O espaço abriga os ossos da eternidade.
O que ficou para trás
desliza suavemente na memória,
contrastando com o duro presente.
O resto é luz, transformada em travesseiro
dos sonhos perdidos.
Dos anos dourados.