quinta-feira, 5 de setembro de 2019



                                                               O TROCO







É duro abrir mão dos próprios princípios,
mas às vezes é necessário.
Para deixar de ser trouxa, por exemplo.
Há um limite para tudo.
Quando nada do que se faz tem valor.
Quando além da falta de reconhecimento, 
a retribuição vem em forma de agressões gratuitas
e inescrupulosas.

Há pessoas que não merecem ser ajudadas.
São maldosas, pobres de espírito.
Que além de não se mostrarem gratas, ainda te exploram, prejudicam.
E o que é pior : as maiores decepções 
costumam partir de quem menos se espera.
Os que cospem no prato em que comeram.
A estes, o desprezo e o troco na mesma moeda 
infelizmente é a reação que se impõe.
Até mesmo porque não se perde o que no fundo,
nunca foi nosso.











quarta-feira, 4 de setembro de 2019






                      meus escritos








Prazer
Revolta
Hobie
Terapia
Auto-flagelação
Provocação
Retaliação
Apelo
Alerta
Harakiri
Tiro no pé
Entulho
Penitência
Vício
Vaidade
Insegurança
Teimosia
Esperança
Idiotice
Desespero
Fé (em quê, no quê, não sei)
Desabafo
Resgate
Tributo
Impotência
Inconformismo
Fervor
Capricho
Raiva
Satisfação
Dor...

Sim, é o que inspira meus escritos.
Tudo isso e um pouco mais.
Versos às vezes ternos, 
às vezes nada singelos.
Libelos nos quais me liberto.
Ruminações, reconheço, invariavelmente amargas.
Com certeza nem sempre racionais.
Posto que difícil calar o coração ferido,
mutilado. 
Sufocar o que tanto incomoda, machuca. 
Controlar o que não cabe no peito.
A dor surda clamando por reparação.









































Li e gostei : cuidado com o que tolera, pois está ensinando como te tratar.








Pensando bem, deve ser viciante bancar o fdp.
Porque, olha,é o que mais tem...







                            irracionalidade






A abundância sugere infinitude.
Que se pode usar e abusar
e nunca acaba.
Ledo engano.
Tudo acaba.
Mesmo o que abunda.

A natureza, o amor.
Não preservados, não sabendo usar,
um dia se extinguem.
Vão minguando, não se regeneram.
Não do jeito que eram.
De quando eram lindamente abundantes.
Antes que a irracionalidade imperasse.
E a triste visão de uma floresta calcinada,
o trágico sentimento de um amor maculado,
roubarem irremediavelmente a cena.




terça-feira, 3 de setembro de 2019




                 O CASTIGO


Não, não me dou o direito de ficar triste.
De ficar decepcionado, me atormentar com o velho
complexo de culpa. 
Não desta vez.
Primeira, porque já esperava.
O cenário estava desenhado, e não é de hoje.
A teia de aranha lentamente tecida.
Estrategicamente elaborada.
Não havia como escapar.
Sabia que um dia aconteceria.
Era preciso romper o último elo que nos unia.
Tomar para si a última coisa que restou de nossa
malfadada história.

Lutei com todas as armas que dispunha :
amor, amor, muito amor.
Não foi suficiente.
A desconstrução de minha imagem foi inegavelmente
eficiente.
Um crápula, na versão daquela que nenhum escrúpulo
mais conserva.
O que pode um menino de 12 anos fazer,
diante do maquiavélico labor de quem não hesita 
em matar o pai no coração de um filho ? 

Pois que assim seja, a partir de hoje 
para essas pessoas estou morto.
Seja feita a vossa vontade,
acaba aqui esse assunto.
Cada um que arque com as consequências
de seus atos.









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