quinta-feira, 19 de março de 2020





                                           teimando em teimar







A gente devia saber,
sem passar por tantos perrengues.
Quando uma coisa está perdida, melhor
esquecer. 
Se conformar,
Toda e qualquer insistência não só
é inútil
como desagradável.
Não há nada mais deprimente do que
se humilhar, correr atrás de 
quem não quer mais saber da gente.
Que não se importa mais,
está pouco cagando para essas baboseiras
de lembrar as 
águas passadas, os supostos bons tempos.
Mesmo porque podem ter sido bons só pra você,
vá saber. 
É preciso aceitar que tudo tem seu tempo,
que quando acaba, acabou, 
Nunca mais será 
o mesmo.
E os remendos pegam mal, como diz aquele antigo
hit do Guilherme Arantes.
A merda é que a gente teima em teimar.
Parece que precisamos passar por essa autoflagelação. 
O que seria até natural se não servisse apenas
para apequenar a gente ainda mais.
Pois é bem como sacou o nosso imortal Millôr :
mulher quando deixa de amar um homem,
esquece até que deu para ele.















domingo, 15 de março de 2020







O romantismo morre 
Num domingo ensolarado
Na volta da praia
No frango assado
Comprado na padaria.



sábado, 14 de março de 2020



                             me ensina a esquecer ?  







Não, 
não vou te fazer o favor de morrer.
Não ainda. Não assim, de forma tão inglória. 
Ainda que já tenha morrido na antiga vida.
Afinal, não passo de um vulto
que perambula por aí.
Uma sombra do que fui.
Onde tudo é irreparável.
Talvez o próprio mundo tenha acabado.
Mas faria tudo de novo.

Você diz que morri
mas não acredito.
Não é como virar a chave. 
O coração fechado não é dono da memória.
Também me proibi de te amar,
mas os pensamentos retornam como aves
de arribação.
As lembranças estão em tudo.
Eu me lembro de tudo. Me ensina a esquecer ?
Quando se ama, quando se amou, 
todo tempo é presente eternamente.










sexta-feira, 13 de março de 2020



                     condições


Há condições em que amar e odiar
se fundem e se confundem.
Ao fim e ao cabo da excruciante jornada sem meio-termo,
a vida dá e falsifica.
Concomitantemente aos desatinos que precedem 
os desastres.
Posto que depois da abundância vem à escassez.
E o amor em ódio se transforma. 

As regras são arbitrárias.
Na transitoriedade de tudo,
é onde tudo acaba.
Adaptar-se é a única escapatória.
Co-habitar com as perdas, as doenças,
às condições extremas.
Às condições herdadas. 
Às falsetas do destino.
Aos erros crassos.
À falta de sorte.

Latos, desesperados, defraudados,
cegos, 
vivos e mortos passam da mesma forma.
Morrer em vida, que má sorte - a pior morte.   
Onde acaba o amor começa a dor.
Nas esferas da existência, a mão do tempo
retém o que poderia ter sido e o que foi.
O futuro emulado no engodo do passado.

Viver a morte dos sonhos, a dor dos vivos,
em meio a consciência do fracasso,
quando enfim caem todos os fingimentos,
eis a derradeira condição.




















segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020



                                                              Laços





Tudo muda. 
De repente, um a um,
os entes queridos se vão. 
Num instante todos somem,
e tudo aquilo que se conhecia,
que se tinha,
as coisas que fazia, em que acreditava, 
mudam para sempre.

É o drama recorrente da vida.
Perder tudo, à revelia do mundo sem nexo.
Ficando apenas traços imperfeitos no tempo. 

Somos muitos e, no entanto, estamos sós.
Descartados, afinal, já tendo cumprido com seu papel.
Quando muito tolerados, 
poucos tem a sorte de contar 
com o amor incondicional.
A quanto a vida nos obriga, 
quando os laços não são eternos.













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